março 22, 2017

hoje falamos de DEPRESSÃO


"Há cerca de dois anos enchi uma banheira com água e fui despedir-me dos meus filhos. O meu marido só chegaria daí a duas horas, por isso tinha tempo. Sabia tim-tim por tim-tim como seria. As lâminas há muito compradas, guardadas para a sua entrada triunfal. A porta fechada, para que não fossem os meus filhos a encontrar-me. Só faltava assegurar-me que guardariam com eles a mensagem principal: que eu os amava e que não era culpa deles. 
Sentei-os no sofá em frente à televisão e fi-los repetir duas vezes comigo: «A mamã gosta muito de mim e aconteça o que acontecer não é culpa minha». O meu filho mais pequeno, então com dois anos, repetiu mecanicamente e continuou a ver os desenhos animados. Desejei ardentemente que não se lembrasse de mim quando crescesse. O meu filho mais velho, de quatro anos, começou a repetir, e de repente parou e perguntou: «Mamã, estiveste a cortar cebola?».
Só me lembro de sair da sala cambaleante, desarmada por aquela ingenuidade imaculada e certeira, e de começar a hiperventilar. Depois não sei o que aconteceu. Duas horas mais tarde, quando o meu marido chegou a casa, os meninos informaram-no que a mamã estava a dormir no chão da cozinha."


este testemunho não me sai da cabeça desde que o li. pensar no sofrimento psicológico em que é preciso estar para planear fazer algo assim é aterrador. isto quando esta tristeza profunda não arrasta os filhos para as banheiras do abismo, como acontece tantas vezes. projectei-me, imaginei-me há dois anos, com dois filhos das mesmas idades, e uma banheira cheia... 
quando me licenciei em psicologia, há 12 anos, ir ao psicólogo era uma vergonha, era como ser considerado maluquinho, e quem ia escondia-o tanto quanto podia. hoje, apesar de se verificar uma alteração de mentalidades, continua a existir algum estigma relativamente à procura de apoio psiológico. 
o sofrimento psicológico continua a ser muito desconsiderado, colocado em segundo, terceiro, último plano porque, aparentemente, a pessoa está bem. quer dizer, tem pernas e braços funcionais, mexe-se e nem tem nenhuma ferida aberta, a sangrar, porque não há-de estar bem? por vezes até tem família, emprego, e dinheiro na conta para os gastos. deprimida?! porquê?? é deixar de frescuras e preguiça e levantar-se da cama, que o que não falta são coisas para fazer! ir ao psicólogo? nem pensar, o que é que as pessoas vão dizer? que está maluca? que o tico e o teco deixaram de funcionar!? não, o melhor é ocupar, ocupar o tempo todo, com os filhos e os amigos, emprego e actividades... olha, ou então vai ao médico de família que ele passa-te qualquer coisa e sentes-te melhor. como se a depressão desaparecesse com ocupação, como se fosse uma mania de quem não se quer levantar da cama de manhã, quem não sabe agradecer o que tem de bom na vida. e os comprimidos do médico de família até podem ajudar, um tempo, mas não curam...
a depressão é muito mais do que isso. sabiam que 1 em 4 pessoas sofre de depressão? SO-FRE. importante sublinhar esta palavra. por ano, em Portugal, 1200 pessoas cometem suicídio.
se tiverem um familiar ou amigo que demonstre sinais de depressão, não lhe digam que são manias de quem não tem com que se preocupar. ajudem. compreendam. apoiem. não deixem que um dia vos chegue a noticia da tragédia que podiam ter ajudado a evitar.
deixo aqui uma lista de sintomas que, quando persistentes, devem ser sinais de alerta e indicadores de que devem procurar ajuda especializada:
- tristeza prolongada
- desinteresse nas actividades que anteriormente gostava
- cansaço persistente
- falta ou excesso de apetite
- sonolência ou perda de sono
- diminuição do desejo sexual
- diminuição da auto estima
- ideias relacionadas com morte

procurar ajuda não é sinal de fraqueza, de pouco juízo, não é coisa para "malucos". é sinal de lucidez, de quem percebe que está em sofrimento e procura quem o pode ajudar a não cair no abismo. 
Espero ter sido útil. se alertei pelo menos uma pessoa mais desatenta, já ficarei feliz.

se quiserem ler o testemunho completo podem fazê-lo aqui.



Sofia**


março 20, 2017

dia do pai

o dia do Pai é todos os dias. que ninguém duvide disso. assim como são todos os dias dia da mãe, da mulher, dos avós, da família, and so on... mas nem sempre, na correria dos dias, nos lembramos de mimar mais, quem é importante para nós, quem nos faz falta, quem é imprescindível todos os dias, todo o ano, nas nossas vidas. estas datas de calendário, que tantos gostam de associar ao comércio, servem também para pararmos um pouco e dizermos ao outro: és importante para mim!





 

instagram @sofia_ferr


este ano, para além das prendinhas feitas com carinho na escola, queridas e com utilidade (ainda bem!), houve também uma dinâmica pai/filhos num sítio maravilhoso, daqueles que dá vontade de ficar e não sair, só pela tranquilidade que lá encontramos. o MODO em Portimão, tem iniciativas e workshops muito engraçados, e desta vez não deixámos escapar. os miúdos passaram a manhã com o pai (e com outros pais e filhos) a construírem as suas próprias fisgas! (quando foi a última vez que viram uma??) passeio pelo campo, ao ar livre com um dia lindo, a apanhar paus em forma de Y, a pintar e decorar a gosto, para no fim poderem competir na fisgada às latas! uma brincadeira daquelas à antiga! :)
eles a-do-ra-ram! este tipo de programas é feito à medida para os meus filhos, que são uns autênticos Tom Sawyers! o Rodrigo disse que foi o melhor dia do Pai de sempre. pai e filhos estavam super felizes e não se calaram a contar-me os pormenores de tudo o que fizeram durante a manhã.
hoje, lá foram de fisgas para a escola (os filhos!), para contar aos amigos onde e como passaram o dia do Pai. (acho que fizeram sucesso junto dos colegas).
foi um dia muito bem passado. acho que mostrou bem a importância que o Pai cá de casa tem nas nossas vidas (não podia ter escolhido melhor!) e foi uma experiência que se vai transformar em memória e nenhum deles vai esquecer! 





espero que tenham tido o melhor dia do Pai possível. 
um beijinho para quem já não pode dar aquele abraço...






Sofia**









março 16, 2017

os meus filhos (não) são melhores que os vossos!

como sabem, no fim de semana fomos passear até Sagres, comemorar o aniversário do pai. uma viagem a quatro. por norma, as nossas viagens não correm mal. claro que eles falam muito, implicam um com o outro, tem que sair sempre um calem-se!  ou parem quietos! mais aceso, mas no geral, eles gostam dos passeios, conhecer novos sítios, fazem perguntas e desfrutam da nossa companhia.
pois bem, no sábado não foi assim que aconteceu! pura e simplesmente não foi. os meus filhos pareciam estar loucos, mas assim, desde que acordaram! a cada pergunta nossa a resposta era NÃO!, a cada passo lá estavam eles a desentenderem-se os dois, e cada tentativa de recomeçar o dia era imediatamente sabotada por um deles. sobretudo o mais velho, parecia que tinha saltado 10 anos e tinha agora 16, e uma rebeldia profunda e sem causa! a sério, foi de nos tirar do sério! várias vezes ao longo da interminável viagem (de 1h!!), durante o almoço, mais tarde no hotel e no restaurante, passou-me pela cabeça rifá-los. (Nem nas quase 5h de viagem até à Serra da Estrela foram tão desgastantes!!) olhávamos um para o outro, e quase sem falar, perguntávamos porque raio não tínhamos convocado os avós para ficarem com eles, e permitir-nos desfrutar calma e relaxadamente da vista mar, da sangria e da paz que se vive em Sagres!?! no Domingo já correu melhor, mas não sem abrir bem os olhos ao mais velho umas quantas vezes. acho que deixá-los livres, a correr pela praia, também ajudou.



instagram @sofia_ferr



e porque é que estou a partilhar isto? porque é preciso. é preciso dizer-se que apesar de não se partilharem fotos no instagram com miúdos a fazer birras e pais com os cabelos em pé, estes momentos fazem parte de qualquer família, de qualquer fim de semana ou férias, seja num lugar paradisíaco ou na praia mais perto de casa. é assim a vida normal de pessoas, famílias e crianças. eu própria, tive que me lembrar disto ao longo do fim de semana, eu própria partilhei fotos e vídeos, mas claro que em nenhum eles estão na fase demoníaca. até porque nesses momentos, se tivesse o telemóvel à mão não seria para os fotografar... - e também, porque houve momentos (raros) tranquilos.
é bom partilharmos estas coisas também. não pensem que blogues cheios de visualizações e contas de instagram com milhares de seguidores têm filhos mais perfeitos que os vossos, que os meus. somos todos de carne e osso! somos todos perfeitos nas nossas imperfeições. e as nossas crias não são excepção.


mas, e no fim? bom, no fim, imaginem uma laranja, espremam essa laranja, e provem o sumo. é doce! não é em grande quantidade, mas é doce! ou seja, quando regressámos a casa, os meus filhos estavam de volta, carinhosos e sorridentes. relembraram os sítios que visitámos, adoraram o hotel, a viagem e pediram para repetir fins de semana como este. (abri logo os olhos!!) tudo voltou ao "normal"...
havemos de repetir sim, porque o sumo, no fim, era doce!


#mastambémjáprometemosirsemeles :))








Sofia**






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março 15, 2017

fim de semana em Sagres (#2) *


o que não falta em Sagres é oferta hoteleira. desde resorts luxuosos, hóteis de 5 estrelas, bed & breakfast, casas giras para alugar, ou simplesmente quartos. a oferta é variada, assim como os preços e a qualidade. 
desta vez ficámos no Mareta Beach. perto do centro da vila, a dois passos da praia e junto ao trilho que nos levou ao Forte, este bed & breakfast é muito bom. tem uma decoração clean e moderna, pessoal muito simpático, e um ótimo pequeno almoço (o único senão é a sala ser interior...). no quarto tinhamos vista mar, do género, deitada na cama só via aquele azul imenso...lindo, lindo, apetecia-me ficar lá, só deitada a olhar...





para comer também há muita oferta, sobretudo no que diz respeito a restaurantes italianos e a comida tipica do litoral sul. no dia em que chegámos queriamos ter ido à Pedralva, onde se comem umas pizas deliciosas, mas como estava fechado e estava mesmo muito frio à noite, optámos por experimentar o D'Italia, junto ao hotel. e foi uma boa escolha! mais uma vez, pessoal muito simpático, com paciência para os miúdos, um ambiente moderno e muito acolhedor. senti-mo-nos mesmo confortáveis naqueles sofás cheios de almofadas. :) as pizas, com massa fina como nós gostamos, eram muito boas e a sangria de champanhe uma maravilha!! recomendo!







no dia seguinte, a ideia era ir experimentar um restaurante, de que nos falaram muito bem, com bons pratos de marisco, mas estávamos tão bem na praia, que foi dificil resistir à proposta de um arroz de polvo, decansados a ver o mar, com os miúdos a brincarem livremente na areia, sem incomodarem ninguém! o Raposo, quando forem a Sagres lembrem-se deste nome!

um pormenor que adorei: em cada sombreiro havia um papel dobrado que dizia for you, e esta foi a mensagem que nos calhou!


e pronto, desta vez é o que tenho a recomendar. mas mais sitios haverá para descobrir nesta vila bonita. espero voltar em breve! :)
Espero que tenham gostado das dicas.




Sofia**




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março 14, 2017

fim de semana em Sagres

ele fez anos. o meu amor fez anos, e eu achei que não havia melhor prenda do que ir festejar num lugar bonito, perto do mar, onde já fomos tão felizes e gostamos sempre de voltar. 
















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Sagres é uma vila linda, pequena, sem confusões, cheia de gente gira e jovem, muitas vezes com fortes ligações ao surf. pelas ruas vemos sempre famílias e crianças, miúdos a andar de skate, carrinhas tipo pão de forma, coloridas e com pranchas em cima. 
em Sagres respira-se calma, tempo, e aquele mar imenso que nos rodeia é super relaxante. há história, e até os lugares com passado são bonitos. foram só dois dias mas deu para visitarmos o cabo de S. Vicente, onde assistimos a um maravilhoso pôr do sol e ao acender do farol. apesar do vento (muito, muito forte) foi magnifico. ao nosso lado estavam casais e grupos de amigos, só a celebrar aquele momento, na pontinha de Portugal. que privilégio! 
No dia seguinte,  percorremos o caminho que nos levou à Fortaleza de Sagres. o trilho só por si vale a pena, no meio da natureza, com a linha do horizonte a fazer-nos companhia. é preciso ter cuidado, sobretudo em dias de muito vento, comuns em Sagres, e quando se vai com os miúdos. é fácil eles quererem espreitar para a praia e pode acontecer um acidente. mas tendo cuidado, é um passeio lindo!
descemos à praia e foi incrivel a diferença de temperatura. enquanto cá e cima estavamos cheios de frio, quando pusemos os pés na areia, era verão. compeltamente. os miúdos começaram por arregaçar as calças, depois tiraram uma camisola, e quando demos conta estavam dentro de água. um dia fantástico, numa praia linda! é sempre fazer estas escapadinhas, sobretudo no nosso país que é tão bonito. 


em breve conto mais, dicas para ficar e onde comer, e também as particularidades de se viajar em família... acho que vão gostar. 






boa semana!


Sofia**





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