novembro 03, 2014

15 dias

Há quinze dias que estou em casa com o Du. Todas as horas do dia, eu e ele. Primeiro com muitos cuidados com as horas para antibiótico, horas para aerossol, horas para comer, horas para descansar. Depois mais uns dias, só por precaução, para ver se não havia recaída, se os pulmões do meu pequeno ficam fortalecidos para este inverno que está a chegar. À hora de almoço íamos buscar o mano. Estando em casa não me fazia sentido negar-lhe este pedido, estar também com ele, no mimo e no aconchego. E assim tem sido, quinze dias, todas as horas do dia, até à altura de deitar. Temos tido momentos distintos: bons, maravilhosos, loucos, impossíveis, ternurentos, insuportáveis, momentos de mimo, de brincadeira, de zanga e de birras. De tudo um pouco. 
Quinze dias que me trouxeram certezas. Não quero ser mãe a tempo inteiro. Mãe vinte e quatro horas por dia. Mãe em casa, (de manhã, à tarde e à noite), mãe no supermercado, mãe no dentista, mãe na rua, mãe no carro, mãe com sol, com chuva, mãe com dores de cabeça, mãe com papelada para tratar.  Mãe a lavar, a passar, a cozinhar, a aspirar. Com eles ao colo. Mãe. Todas as horas do dia, sem qualquer alternativa. Lembrei-me imensas vezes das mães que optam por o ser a tempo inteiro, da sua coragem, da sua dedicação. Mas lembrei-me mais ainda, das mães que não têm opção senão ficar com os seus filhos todos os dias, todas as semanas, todos os meses, sem descanso. Que heroínas! Não é fácil, não é nada fácil, e também não é valorizado como deveria. Abdicar do seu tempo, do seu eu, em prol deste amor tão grande. Amo os meus filhos de paixão e adoro estar com eles, mas sei que lhes dou o meu melhor quando estou bem comigo, quando sinto que invisto em mim. Apercebi-me disto nestes quinze dias, acreditam? Passo os dias a martirizar-me, porque eles estão na creche em vez de estarem comigo, apesar de saber que estão bem. A responsável, eu sei, é a siamesa da maternidade (a culpa) mas não consigo evitar. E sei também que amanhã, quando os deixar aos dois, vou ficar de coração apertado e lágrima no canto do olho, não sei explicar porquê... 
Foram quinze dias... bons, maravilhosos, loucos, impossíveis, ternurentos, insuportáveis, com mimo, brincadeira, zangas e birras. 15 dias.











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6 comentários:

Cogguie disse...

Adorei..ler o teu texto e ler o telefonema.. um amor..

eu..

Adorava...ter três filhos.. o meu sonho era ter 2 meninas e 1 menino..(preferencialmente 2 gémeas) ehehe eu sei..peço muito!!! :)

Sofia Ferreira disse...

Um beijinho, Coguie! ;)

Susana Andrade disse...

Não me considero melhor mãe que outras mães por ter optado ficar em casa com o mais velho e agora com o mais novo de ainda nem 1 mês. Só eu sei o que me custou cortar o cordão que unia o meu mais velho a mim durante 3 anos (sem contar com o tempo que esteve na barriga) ter de ir para a maternidade e durante 3 dias e 3 noites não pude estar com ele e colocá-lo para dormir, dar-lhe o beijinho de bom dia e boa noite and so on... custou muito e escrevendo agora ainda custa digerir o que senti na altura misturado com a preocupação toda do nascimento do mais novo... ser mãe não em fácil em circunstância alguma, de certa forma não existem mães a tempo inteiro, cada mãe dedica-se aos seus filhos como pode e quer...
beijinho

Sofia Ferreira disse...

:) Susana

Cátia disse...

Identifico-me tanto com certos textos teus...

Estive me casa desempregada durante os 2 primeiros anos da minha filha e havia dias em que só me apetecia atirar da janela (a mim não a ela)...

Se a Adoro, Amo, se sinto a falta quando ela não está, claro que sim mas se tivesse a possibilidade de trabalhar a partir de casa e de a manter na escola/colégio era lá que a iria colocar pois isso só iria trazer benefícios à nossa relação....

Sofia Ferreira disse...

Bjs Cátia! :)