novembro 17, 2014

Ele era tão pequenino...

Quis nascer antes do tempo, veio cheio de pressa às trinta e seis semanas e era tão pequenino. Lembro-me que enquanto não o tiraram de mim estive tensa, calada, com frio. Não o vi logo, não o ouvi chorar. Disseram-me que ele estava bem e eu relaxei um pouco, mas só fiquei descansada quando o trouxeram, embrulhado num lençol verde só com a carinha à mostra, miudinho e lindo. Tão miudinho que só lhe toquei com um dedo, até a querida enfermeira me ter sussurrado: É seu filho, pode tocar-lhe à vontade! Aí fiz-lhe uma festa e chorei.
Passei os dias no hospital a ouvir que ele era muito pequeno, das enfermeiras, das estagiárias, das mães que dividiam o quarto comigo, das visitas delas e das minhas. De vez em quando, muito de vez em quando, alguém soltava a sabedoria popular eles criam-se cá fora, que estava muito bem assim. Não ligava muito. Percebia que ele era pequeno e frágil, sentia o seu pouco peso nos meus braços, mas não estava preocupada. Não em consciência.
Na véspera de ter alta, à noite entra uma enfermeira no quarto, rodeada de estagiários, e quando lhe digo que saio no dia seguinte ela duvida em voz alta e faz mais uma vez referência ao tamanho dele. Aí o meu coração apertou, apertei-o a ele junto ao meu coração, não queria sequer pensar na hipótese de sair dali sem o meu filho. Nesse momento fiquei preocupada, com medo de não o trazer comigo para casa, para a sua casa, para a nossa casa. 

Hoje, no Dia da Prematuridade, e com as recentes noticias que nos chegaram de tão longe, relembro os dias que passei há mais de quatro anos, e a felicidade que tive em voltar para casa com o meu bebé. Hoje, deixo um abraço grande a todos os pais e mães que, infelizmente, não podem trazer os seus filhos logo consigo e o desejo sincero que tenham uma história com um final feliz! 
Este vídeo é para todos vocês.








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3 comentários:

Tanita disse...

Os bebés permaturos, em geral, costumam ser grandes lutadores e sobreviventes! eu sou prematura de 22 semanas, aqui estou há 34 anos, apenas com uma sequela de tão poucas semanas: a minha visão do olho esquerdo é apenas de 30% mas, no lado direito tudo a 100%, por isso sou compensada :) não tenho olhos tortos e nem uso óculos, porque o meu probelma não tem solução!

Felizmente foi uma mãe cheia de coragem e tenho a certeza que o seu filho um bebé com imensa sorte.
Bj**

Anónimo disse...


É de cortar a respiração...
A vida é linda...
E o AMOR É MÁGICO...

Tenho saudades do(s) nossos pequeninos.

Lov-U!

Sofia Ferreira disse...

Tanita, felizmente ele não teve cuidados especiais. Só assustava um pouco porque era pequenino e frágil! :)
Um grande beijinho!