mudaste-me a vida num minuto...

Não sei porque nunca te escrevi. Já escrevi sobre ti, sobre a tua estadia em mim, mas acho que nunca escrevi para ti. Escrevo-te hoje, neste dia que marca toda a minha vida, este dia que me mudou a perspectiva, o olhar sobre o mundo, este dia que me mudou. Como registei no teu álbum: a vida nunca mais foi a mesma a partir do momento em que nasceste, às 06h22m.

Tenho os teus primeiros momentos guardados a sete chaves no meu coração, a tua carinha tão miudinha e linda, embrulhada num lençol verde de hospital, e eu com medo de te tocar, fiz-te uns carinhos tímidos ao som das primeiras lágrimas. Lembro-me que só aí te senti meu. Só aí respirei fundo e pensei: sou mãe! Eras tão pequenino e frágil que o meu instinto protector duplicou, queria-te só para mim, queria-te aninhado nos meus braços, alimentado no meu peito, fazer tudo para que te sentisses a mais amada das criaturas. Fotografei o teu primeiro banho, o teu primeiro sorriso, filmei os teus primeiros passos, mas registo nenhum é mais fiel que aquele que mora em mim e que desejo nunca perder: o sentimento único de ser tua mãe. A vida mudou e nunca mais foi a mesma. Tornou-se mais colorida, mais rica, com experiências inesquecíveis. Mostrou-me que sou elástica, que estico, que me moldo para te dar colo, brincar contigo, para te educar e mimar, muito. Mostrou-me a importância máxima que uma mãe deve ter na vida de um filho, a de o criar como ser consciente dos seus actos, para que saiba olhar para quem está ao seu lado e estender a mão se for preciso, que saiba demonstrar o amor e o carinho por quem o sente, e dar-lhe as ferramentas para que ele possa construir a sua própria vida.
Digo que és o sol da minha vida porque o teu sorriso é capaz de iluminar o mais escuro dos dias, sem metáforas. Tens um sentido de humor e uma perspicácia invulgar para tão tenra idade. És uma criança vivaça, com personalidade forte e muito sensível, percebes como podes agradar ou irritar com muita facilidade, reparas quando alguém está triste ou muito feliz. És carinhosamente rebelde, porque não andas sempre aos beijinhos mas adoras um bom mimo, quando te apetece. Adoras andar de bicicleta, trotinete, e já falas nos patins. Gostas de tudo o que tradicionalmente está ligado ao mundo masculino, mas carregas contigo um bebé chorão que cuidas com todo o cuidado. Gritas pelo Benfica, para mal dos meus pecados e para grande alegria do pai. Sei que gostas muito de estar connosco, demonstras, como no outro dia quando dizias que não querias que trabalhássemos para fazermos brincadeiras o dia todo. Com o mano já te entretens a brincar, e embora não percebas porque não está sempre a sorrir para ti, já lhe demonstras um imenso carinho. Ficar na escolinha de manhã é quase sempre um sacrifício que ultrapassas quando brincas e pulas com os teus coleguinhas. Deves ser algo popular porque a recepção por parte deles (e sobretudo delas) é sempre muito efusiva, e um sonso, porque nunca ficas de castigo, mas em casa consegues partir a loiça (quase) toda!
Não te admito falta de educação, mas sobretudo, não admito que penses que hoje te amo menos do que há três meses, ou que perdeste alguma da tua infinita importância na minha existência. Jamais perderás o lugar privilegiado de seres o primeiro, o que me mostrou o quão maravilhosa pode ser a vida depois de se ser mãe, com todos os medos, ansiedades, sonhos e emoções que esse lugar carrega. Ah, e não sei se sabes, mas o coração de mãe não tem tamanho, o amor de mãe é feito de contas de multiplicar e os braços são tão elásticos, que esticam, esticam, esticam e têm sempre espaço para te abraçar. Mudaste-me a vida... e ainda bem.

Parabéns meu sol, t'adoro daqui até à lua!