março 08, 2014

(voltar a) Ser mulher...*




Houve uma altura na minha vida, em que a mulher em mim foi engolida. Não deixou de existir, nem de cuidar de si e, curiosamente, sentiu-se até mais feminina. Mas a mulher em mim foi engolida, absorvida. Aconteceu quando conheci um grande amor, o maior de todos, o de mãe. Todos os meus sentidos se orientaram na direcção daquele ser minúsculo, o meu pensamento ficou preso a ele vinte e quatro horas por dia, as minhas prioridades deram uma volta de 180 graus, a minha vida deu uma reviravolta. 
Passou um ano, passaram dois, de amor intenso e muita dedicação, e voltei a engravidar. Um plano, um desejo, outro filho. Outro grande amor, muita dedicação, muita divisão e multiplicação de mim, e uma mulher a querer vir ao de cima, mas sem conseguir emergir. Neste processo não houve sofrimento, nem desleixo, nem esquecimento, apenas (acho) um curso natural da própria natureza - passo a redundância - do eu mulher. As hormonas, sempre as hormonas, devem ter ajudado à festa. Quando parei a amamentação do filho pequeno, e não tendo planos para engravidar novamente (em breve), as mudanças fizeram-se sentir.  Aconteceu um amadurecimento, e uma segurança no eu mãe, que trouxe mudanças ao eu mulher. Não sei bem como, o eu mulher começou a vir à tona, a tomar conta da sua vida, de uma forma bem mais interessante. A procura pelo conhecimento, pelo desenvolvimento pessoal, pela realização profissional voltou a estar presente. As roupas voltaram a ser justas, os saltos mais altos, a maquilhagem mais assídua. As histórias de encantar na mesa de cabeceira, foram substituídas por um romance erótico (oferecido pelo marido), as chuchas enfiadas na mala deram lugar a uma agenda cada vez mais preenchida, e até na gaveta da lingerie das cuecas houve mudanças: passou a existir lingerie! As cuecas de aba larga, tão necessárias e confortáveis na gravidez e pós parto, deram novamente lugar às tangas sexy e diminutas...
E assim concluo, (voltar a) ser mulher é maravilhoso!

Feliz dia a todAs que me lêem!


* Enquanto escrevia este post, e também porque hoje estou sozinha, fui interrompida vezes sem conta. "Mãe, mamã, anda cá! Mamã, quero miminhos! Mãe, tenho xixi...", e nos entretantos, o mais novo choramingava e pedia colo. 
Embora tenha praguejado um pouco (para dentro) não trocava isto por nada! Também foram eles, aqueles dois seres maravilhosos, que me tornaram mais mulher... 
(Quanto ao amor grande, para esse nem tenho palavras!)

3 comentários:

Liliana Pereira disse...

Adorei "ler-te"!

Mafaldix disse...

Adorei!! E revejo-me imenso no teu post, mas como estou na indecisão de avançar já para o terceiro filho, ainda não tive esse teísta de que falas, mas que também preciso de ter e de sentir. Beijinhos. Só cheguei hoje ao teu blog, mas estou a gostar muito e vais passar a estar nas minhas leituras diárias

Sofia Ferreira disse...

Um grande beijinho, ML e Vidas da nossa Vida!!
Atrasado, mas com carinho! ;)