julho 24, 2017

deixo-me ir...






o sol já vai baixo, os tons são dourados, os miúdos brincam na água, estão entregues.
à beira mar deito-me na areia húmida, arrepia-me o corpo, refresca-me e satisfaz. em cima o céu azul nos meus olhos. fecho-os e deixo-me ir.
as ondas do mar, a música que embala, o som das conversas alheias misturadas, distantes, as risadas das crianças que brincam por ali, as gaivotas que pairam no ar. os sons. deixo-me ir.
agarro a areia com as mãos. esfrego os dedos uns contra os outros, sinto os grãos, a textura, num misto de cócegas aperto e relaxo. descrevo tudo isto para mim, em silêncio. deixo-me ir.
a brisa alivia o calor do sol que ainda queima a face direita. sabe tão bem.
finco os pés e deslizo as pernas de encontro ao chão. os arrepios da areia molhada. está perfeito. 
oiço um chamar mãe que sei que é para mim e alguém diz deixa-te estar. não me deixo.
levanto-me  num salto e sou mãe outra vez.