setembro 13, 2017

ser mãe com mas...





gostamos de os ver pequeninos, de lhes vestir aqueles babygrows minúsculos, os coeiros, as fraldas de boneco, mas... corremos de mês a mês para o pediatra para ver se está a crescer bem, se está grande, gordinho, saudável como se quer.

queremos tê-los para sempre ao nosso colo, naquela fase amorosa em que cheiram a bebé e se deixam ficar enquanto olhamos para eles embevecidas com tamanha sorte, mas... ficamos ansiosas por ver quando começam a gatinhar, a dar os primeiros passos, quando vão conseguir abrir uma gaveta!

amamentamos, damos biberão, mas... desejamos que chegue o dia da primeira sopa, para perceber se vão ser uns comilões ou se será uma carga de trabalhos a cada refeição.

escolhemos a melhor creche / jardim de infância, aquela onde vão passar os primeiros anos da sua vida, o sitio mais acolhedor, com as educadoras mais queridas, compramos a mochila mais gira, mas... ninguém nos tira um certo aperto no coração quando os deixamos pela primeira vez. 

rimos quando dizem aquelas palavras atabalhoadas, quando fazem frases com palavras que não têm sentido mas... lá estamos nós a corrigir para que falem correcto e não passem vergonha mais tarde.

abrimos bem as asas, invisíveis que temos, queremos protegê-los de tudo e todos, mas... educamo-los para serem auto-suficientes, independentes, seguros de si. não queremos que tenham medos, queremos que sonhem e voem, bem alto.

compramos os livros, pedimos a opinião deles sobre o estojo, a mochila, o dossier. esperamos nós e eles também, que fiquem numa escola tranquila, na turma com alguns amigos e uma professora que os entenda na sua individualidade, mas... ninguém segura uma lagriminha no primeiro dia no 1º ciclo. a deles e a nossa.

tentamos perceber sempre qual é a próxima fase, antecipamos, fazemos planos, mas depois vemos fotografias de há dois ou três Verões atrás e ficamos... mas, ele era assim?! como é que cresceu tanto?? achamos que o tempo demora a passar mas cedo percebemos que isto passa tão rápido!!


a ambivalência inerente à maternidade existe e escreve-se em todas as línguas, vive-se em todas as culturas, em todo o mundo. a vontade de ter tempo para se ser mulher aliada à culpa de se tirar minutos às horas que também são dos filhos. o desejo de que corra tudo bem a par da dificuldade em respirar perante um sonho, um susto, uma visão apenas de que algo lhes aconteça...
a educação e o exemplo que lhes passamos no sentido de querermos que atinjam as suas conquistas com a torcida sofrida (mas escondida) na esperança que tudo lhes corra bem. 

hoje lá foram, milhares de meninos e meninas retomaram as aulas. alguns entraram pela primeira vez numa escola primária. há um ano atrás, já passou um ano, era eu a entregar o meu filhote numa escola completamente nova, professora desconhecida e apenas um amigo na turma. escondi uma lágrima, ele não. abraçou-se muito a mim, respirei fundo e ensinei-lhe uns truques naquela primeira semana, mas a minha vontade mesmo era trazê-lo para casa e ficar a mimá-lo enquanto ele quisesse. correu bem, muito bem, e hoje lá foi ele todo confiante para o 2º ano!!


um xi-coração a todos os meninos e meninas, esses corajosos, que hoje começam um novo ano lectivo.
e às mães, a todas, que na sua ambivalência fazem o melhor que podem dando tudo o que têm! eu sei que dói, mas vai passar!




Bom ano a todos!!!




Sofia**







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