Anda por aí um artigo polémico escrito por um jornalista da praça. Eu li, identifiquei-me por um lado e por outro não.
É verdade que há por aí crianças hiperactivas, mas convenhamos que não é nenhuma epidemia, como se quer crer. É verdade que há muitas crianças mal educadas, que num instante se tornam adolescentes e jovens adultos sem o mínimo respeito pelos mais velhos. É verdade que é mais fácil irmos a um restaurante, loja, ou parque e vermos sinais de falta de educação dos filhos e... falta de educação dos pais!
Eu explico. Há pais que têm um conceito errado de como educar os filhos. Seja porque não podem passar muito tempo com eles e compensam-nos dizendo Ámen a tudo, seja porque querem compensar a falta de carinho e atenção que os próprios tiveram na infância, seja porque lêem artigos de psicólogos e pediatras e interpretam mal os conselhos de quem sabe.
Porque no tempo dos nossos pais e avós tudo era resolvido à bofetada (!), porque nesse tempo a educação era à base da rigidez e da falta de afecto, psicólogos e pediatras foram realizando estudos e alertando a sociedade para a importância do afecto, da atenção e do diálogo entre pais e filhos, e da substituição das bofetadas que magoam física e psicologicamente a criança, e que a humilham. Mas nunca disseram que os pais deviam deixar de EDUCAR os filhos, de ter autoridade sobre eles, de exercer punições adequadas à sua idade e compreensão, ou até de lhes dar uma palmada (não chapada, não bofetada, não tudo o que humilha ou magoa seriamente a criança) na hora certa. Há com certeza pais que levaram muito à letra o que os especialistas foram aconselhando, pais que se demitiram completamente do seu papel de educadores, e outros há que andam completamente à nora sem saber o que fazer e que precisam de ajuda!
E neste caso, é mais fácil arranjar uma explicação médica para o problemados pais da criança, do que admitir que não se está a dar conta do recado, ou nem se sabe como! Claro que crianças que não se sentem amadas, ou que vêem os pais duas horas por dia e à pressa, ou que sentem que não são uma prioridade para quem deviam ser o centro do Mundo, vão demonstrar essa angústia e tristeza sempre que puderem, onde puderem, chamando a atenção e portando-se mal, porque sabem que assim as atenções vão cair de certeza sobre elas, ainda que seja da pior maneira!
E neste caso, é mais fácil arranjar uma explicação médica para o problema
Mas há mais. Por vezes também se confunde crianças mal educadas com crianças activas (não hiperactivas), dinâmicas e alegres. Não podemos esperar que uma criança de dois anos fique duas horas (ou mais) sentada na cadeira do restaurante, enquanto os adultos jantam e conversam tranquilamente. Talvez seja melhor pensar em alternativas para a entreter, ou sair de vez em quando da mesa e dar uma volta com ela, ou deixá-la entregue a alguém de confiança. Agora se uma criança de 7/8 anos não aguenta estar sentada no restaurante, e grita e insulta os pais ou parte a loiça toda, não nos enganemos, não estamos a falar de hiperactividade!
Temos que compreender as crianças, as suas necessidades, mas sem extremos, porque compreender não é aceitarmos ou sermos condescendentes com todas as suas atitudes. Compreender é tentar arranjar a solução adequada ao seu comportamento, e também ajustar o nosso ao delas. E já agora, pais que já o são ou pretendem ser: FILHOS DÃO TRABALHO! Ninguém pense que um filho é um bonequinho com botão de ON/OFF, e que segue as nossas instruções, ou melhor, que já vem ensinado com as regras da sociedade e chip de adulto. A nossa função de pais é mesmo integrar essa criança no nosso dia dia, reservando sempre um espaço para que ela também possa ser livre, possa ser criança, porque só vivendo a infância os nossos filhos serão adultos felizes!
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