setembro 11, 2013

ABC da parentalidade

A inexperiência de ser pai e mãe pela primeira vez, leva-nos a devorar tudo o que são livros de pediatras conceituados, absorver tudo o que se passa em blogues sobre a maternidade, a ouvir mil e um conselhos de amigas e familiares mais experientes. Não se nasce pai e mãe ensinado, e esta profissão vitalícia dá trabalho, carece de pesquisa e... de bom senso. Por estes dias, passados entre pais mais experientes, futuros pais, e com a nossa experiência propriamente dita, ocorreu-me que existem pais para todos os gostos:

Os que complicam - Ouviram dizer que ter um filho nos muda a vida, as prioridades, que deixamos de ter tempo para nós, que é uma grande responsabilidade, e levaram tudo mas mesmo tudo à letra. Só dão a sopa à hora que é suposto ser dada, a hora de dormir é sempre a mesma seja qual for o dia da semana, sair com os meninos depois das 21h nem pensar, e levá-los para jantares com amigos está fora de questão. E férias com filhos? Não, isso não existe! 
Enfim, excepção é palavra inexistente nas suas vidas pós filhos.

Os escravos da pediatria - Leram alguns dos bons livros de pediatria existentes no mercado, com conselhos e orientações para pais de primeira (segunda e terceira) viagem, e decoraram cada frase, e vão às consultas com o pediatra criteriosamente escolhido e são "todo ouvidos". Em momentos distintos do dia é ouvi-los dizer "Mas o nosso pediatra disse.... Mas o nosso pediatra é contra... Mas o nosso pediatra proibiu...".
Esqueceram-se que os pediatras aconselham com justa causa, mas não vivem na nossa casa!

Os escravos da psicologia - Nesta coisa da parentalidade dos nossos tempos, a psicologia é a rainha da educação, dos pais e dos filhos. O que não faltam são teorias sobre educar os filhos, teorias sobre lidar com os filhos, teorias sobre mostrar que se amam os filhos, teorias sobre dizer não aos filhos... teorias e mais teorias. Há pais que ficam escravos das leituras da psicologia parental e na altura de agir bloqueiam e ficam pensar no que terá escrito Eduardo Sá ou naquele capítulo tão importante de Brazelton... e quando vêem, o momento de educar já passou!

Os que se desresponsabilizam - São aqueles que não estão nem aí para a hora da praia porque a camada de ozono é coisa que inventaram e bom, bom é estar a torrar das 12h às 15h. As cadeiras do carro são uma obrigação, e os miúdos vão lá sentados - sem cinto - só para o caso de encontrarem a policia. A introdução gradual dos alimentos é uma modernice porque eles saíram da maternidade a roer um pedaço de côdea. São pais que se desculpam com "no meu tempo..." e que no fundo sabem que assim têm menos trabalho!

Os que simplificam - Depois temos os pais, os outros, que tal como os anteriores leram enciclopédia pediátricas, ouviram atentamente o seu médico assistente, leram e releram n teorias psicológicas acerca do desenvolvimento e educação das crianças, aconselharam-se com quem podiam e partilharam dúvidas até com desconhecidos. Com todos estes ingredientes fizeram um enorme bolo de camadas, e cada fatia tem um pouco de pediatra/psicólogo/amigo/família e regaram depois com uma cobertura da interpretação que cada um deles fez de tudo o que ouviu, transformando cada pedaço deste bolo, num todo equilibrado com o melhor que podem dar aos seus filhos.
Atenção, que estes também sabem que o bolo não ficou perfeito, sabem que as crianças nos mudam a vida e as prioridades, mas sabem também que a excepção confirma a regra e que pais felizes geram crianças felizes!

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