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janeiro 09, 2015

Inveja

Ás vezes invejo as fotografias de outros blogues. As salas impecáveis e sempre arrumadas, os quartos que parecem saídos de uma revista de decoração, os miúdos estão sempre penteados, bem vestidos e a fazer pandant com os irmãos. Ás vezes sinto uma certa inveja. Bolas, queria mesmo ter uma casa assim, as minhas fotografias iam ser tão mais giras! 
Mas o meu maravilhoso sofá tem que estar convenientemente tapado, pelo menos os assentos, caso contrário o Duarte enche-o de manchas de bolacha maria. Há sempre um cesto de brinquedos na sala, agora mais a ver com o resto da mobília mas não deixa de ser de brinquedos, que muitas vezes andam espalhados pelo chão. O quarto deles não é muito grande, e embora tenha uma decoração clean, tem sempre roupa há vista, ou uma cama por fazer, ou mais brinquedos desarrumados. A cozinha, onde muitas vezes faço biscoitos ou  plasticina com eles, não é muito grande, e tem sempre coisas na mesa, ou garrafões de água à mostra no chão, ou qualquer coisa que não enquadra bem na fotografia. Não é por isso que deixo de as tirar, nem pensar, o mais importante é apanhar-lhes os gestos, as emoções, os momentos. Mas não deixo de pensar que fosse outra a casa, o enquadramento seria muito melhor.
Depois há a apresentação deles. Quando estão em casa andam o mais confortável possível. O Rodrigo adora passar os dias pijamoso, como ele diz, e eu deixo. Apanho expressões muito engraçadas ao Du, mas geralmente é quando ele está a comer, cheio de sopa no babete (sem folhos) e comida espalhada pela mesa. De resto são rapazes, gostam de correr, trepar, fazer aventuras, e camisas e calças finas não condizem com este cenário... (Mas e os outros, como brincam sempre com aquelas roupas?!)
Depois penso no privilégio que tenho quando vejo o sol nascer da janela do meu quarto, e na luz maravilhosa que entra na cozinha logo pela manhã, ou no sol que nos aquece nas tarde de inverno e nos acompanha na sala. E passa. Olho para eles, vejo os sorrisos de felicidade, a alegria salpicada com pedaços de massa, e penso que eles vão gostar de ver estas imagens mais tarde, sem ligarem à roupa que vestiam. E passa. Quando faço os nossos álbuns, consigo sempre encontrar fotografias que aliam a beleza dos momentos vividos com a estética ditada por alguns. E passa.


Inveja, quem a não tem? 

dezembro 16, 2014

Acabou por morrer... *



há pouco mais de uma semana. Os risos e as correrias não denunciaram a falta do pai, do marido, do avô. A vida simplesmente continuou, como teve que continuar há meia dúzia de anos quando lhes morreu a mãe. Quem passa por tamanha tragédia em tão tenra idade, cria as suas defesas, as suas carapaças, para se proteger e não se afundar. Tem que ser. São mecanismos que a nossa mente vai buscar para se conseguir manter à tona. Os risos e as correrias mascaram a dor profunda que se sente, mas que não se quer sua, a falta que se tem todos os dias e horas e minutos, mas que não se quer ter. 
Hoje no silêncio da manhã, ouvi a azáfama normal e rotineira da casa ao lado. (paredes... é impossível não ouvir...) No meio dos "levanta-te!, despacha-te!, calça-te!, olha que apanhas, tu vais ver!" ouvi também a ameaça de levar esta criança para uma instituição... fiquei estarrecida! 

Na minha cabeça ocorreram logo mil maneiras de poder transmitir à minha vizinha que por muito que ela esteja a sofrer pela falta do companheiro, aquela criança que nem tem lembranças da mãe e que ficou agora sem o pai, está a sofrer muito mais. Apeteceu-me ir a correr dizer-lhe que só passou uma semana, ainda há muito luto para fazer, muito mimo para dar, que vai ser um longo caminho a percorrer, que vai ser muito difícil, mas sempre mais para ele. Apeteceu-me alertá-la que vai ter que amar muito aquela criança que não é sua, se esse foi o compromisso que fez, e que também vai ter que educar, mas com muito muito amor, sem ameaças, sem o colocar de lado nas contrariedades das primeiras horas da manhã. Ai, queria tanto dizer-lhe que uma criança sem pai nem mãe se sente tão perdida, tão insegura, tão sem chão, que a última coisa que precisa de ouvir é que há a possibilidade de ir para uma casa cheia de meninos abandonados, que crescem sem os pais, sem carinho nem amor. Que estas palavras, que acredito terem sido ditas no calor do momento, não se podem dizer, não podem ser ouvidas, não podem ser transmitidas a uma criança que vai crescer sem as suas referências. Queria tanto dizer-lhe que o mundo já é ameaçador demais para ele, o que ele precisa é de se sentir seguro e amado. Só.

Minutos depois ouvi o bater da porta. A vida continuou, com as risadas e correrias do costume. Mas as palavras tenho a certeza que ficaram lá, em tom de ameaça, no ouvido e no coração daquela criança...




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dezembro 10, 2014

Coisas que eu não entendo...



mães e avós (desculpem, mas são sempre mães e avós) que insistem com os miúdos para tirar fotografias com o Pai Natal (do shopping), mesmo quando a criança esperneia e chora com ar de desespero e de quem já não quer ver o velhinho das barbas à frente! 
Não percebo... que não percebam!






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julho 23, 2014

seremos loucos, mas felizes...

Às crianças, é comum perguntarem: o que queres ser quando fores grande? Uns respondem astronautas, outras bailarinas, outros querem ser super heróis, ou o que lhes estiver no pensamento na altura. A minha mãe conta que eu queria ser "totóia" (doutora) como o meu avô, e durante muito tempo as minhas brincadeiras andaram à volta dos estetoscópios e bonecos a simular doenças. Cresci ainda com esse desejo, que foi sendo abandonado ao longo dos anos. No secundário conheci a psicologia e achei que era esse o meu caminho.  

Diz que não é normal procurarmos o nosso caminho na idade adulta, quando o que diz o guião é que deveríamos já estar sentados e acomodados na profissão que escolhemos dez anos antes, ou mais, a receber os louros de uma vida sem surpresas, nem contratempos. Diz que quem deita tudo ao alto e parte em busca de um sonho é louco. Eu acho que louco é quem espalha que o "sonho comanda a vida", mas nada faz para seguir o lema. Poderíamos todos escolher ser actores e desempenhar vários papéis na nossa vida, sempre tentando fazer o melhor, escolhendo sempre ser mais feliz, mas diz que isso é para os instáveis, os que não sabem o que querem da vida, os eternos insatisfeitos. 
Eu gosto de acreditar que um dia a loucura vai virar norma, e na busca do nosso caminho seremos todos mais felizes e realizados, como a fantástica Isabel...


via Pinterest





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junho 30, 2014

eles prendem-nos, para sempre

Com o inicio da vida adulta, e sobretudo depois de casar, tornou-se hábito ouvir a minha mãe dizer para não ter pressa de ter filhos, que os filhos eram uma maravilhosa prisão perpétua. Naquela altura revirava os olhos, lá estava a minha mãe com aquelas frases, aqueles ensinamentos que nos querem passar testemunhos, que nos querem abrir os olhos para os acontecimentos que todos temos que viver. Os filhos são filhos, não nos prendem a lado nenhum. Pensava eu. E depois fui mãe.


Apaixonei-me intensamente pelo meu primeiro filho, e vivi-o 24/24 durante quatro meses até ao dia em que tive que o deixar na creche, para ir trabalhar, num pranto. Passei o dia a olhar para o relógio, saí literalmente a correr para o ir buscar, pegar nele e abraçá-lo, ver se não lhe faltava nenhum pedaço, se o tinham tratado bem. Cada dia que o deixava, ficava também um bocado de mim, que só encontrava quando o ia buscar.
Grávida do segundo, perdi-o durante cerca de vinte minutos, no shopping... Foram os vi-nte-mi-nu-tos mais longos da minha vida. Passou-me tudo pela cabeça. (Ele estava perdido e desesperado, tinham-no levado na mala de um carro, tinha caído nas escadas rolantes, enfim...) Encontrei-o tranquilo, abracei-o num choro aliviado, e não o larguei mais nos dias seguintes.
Meses mais tarde, já com o Duarte no meu colo, tive que correr para o puxar da varanda, onde ele se empoleirava com os dois pés fora do chão, pronto a balançar-se para o outro lado. Chorei, desesperada, ao imaginar no que podia ter acontecido naquele segundo andar.
O ano passado saltei, sem pensar, para dentro da piscina onde ele tinha caído segundos antes, e onde tentava vir à superfície numa expressão de aflição. Nem quero pensar... se ele tivesse caído sem ninguém ver.

Metade da minha vida acabava se não tivessem existido os ses, em todas estas situações. Digo metade, porque eles são dois filhos. Um mais um. O meu coração pararia de bater na sua plenitude mas não na totalidade. Metade dele viveria sempre, a outra metade deixava de existir, ou sobrevivia das memórias.
Depois de ser mãe vivo claramente com o coração nas mãos. E presa. Presa no medo, presa nas possibilidades terríveis que podem existir. Nunca mais fui livre de viver a minha vida sem pensar neles primeiro. Nunca mais fiz planos que não os incluíssem. Nunca mais sorri sem que uma ponta desse sorriso não tivesse a alegria da maternidade. Nunca mais chorei, sem que as lágrimas tivessem o peso da possibilidade que alguma coisa lhes possa acontecer. A vida nunca mais foi a mesma. E é tão boa. Estou presa a eles, de alma e coração, sempre e para sempre. Mas viver sem eles seria uma condenação dura, dura demais para poder aguentar...
Esta pena, não devia ser aplicada a nenhuma mãe, a nenhum pai, em nenhuma circunstância da vida.







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junho 23, 2014

no fundo, eu vi todos os sinais

Nunca me passou pela cabeça que fosse a mãe. Segui as noticias desde o inicio, vi as primeiras declarações, achei um pouco estranho a criança de apenas ano e meio estar só com outras crianças na altura em que desapareceu, mas tratava-se de uma aldeia. Coloquei-me no lugar daquela mãe e não julguei a sua calma, a falta de lágrimas, a ausência de desespero. Imaginei que pudessem ser os meus filhos... quase que chorei só de pensar. 
Depois o menino apareceu são e salvo. Que bom, que bom que ele estava bem, que não lhe tinham feito mal, que voltou para a família, que embora humilde e a viver em condições muito difíceis, era a sua família, era quem o amava. Vi uma entrevista da mãe num programa da manhã. E estranhei novamente a ausência de lágrimas, o discurso corrido, a falta do nó na garganta ao recordar os momentos terríveis que tinha vivido há poucos dias. Mas não desconfiei dela, jovem, com origens numa família desestruturada, por certo com uma vida difícil em tão poucos anos... como se tudo isto colmatasse a  falta de uma terrível dor, na hipótese de se ter perdido um filho.
Ao que parece já confessou, ao que parece já desconfiavam da mãe, do seu comportamento distante como se a história fosse de outro, uma novela talvez. No fundo, eu também vi os sinais, mas a mãe em mim preferiu assumir que apenas um estranho colocaria aquele menino lindo em perigo, só alguém que não o carregou nove meses, não o alimentou nem o viu crescer dia após dia, só quem não tinha qualquer ligação com aquela criança poderia querer prejudicá-lo. Ainda que digam que foi por dinheiro, que ele ia para viver melhor... que espécie de mãe faz isto?





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maio 15, 2014

Hoje é o Dia da Família...

... ou, como dizemos por cá, tal como o dia da mãe, do pai ou da criança, pode ser todos os dias, sempre que nos apetecer. 
Mas estes dias que se assinalam no calendário, que tomam cor e forma nas escolas, nas redes sociais, e na comunicação social, têm um sabor especial: mais um motivo para sorrir, orgulho em apresentar a sua família na escola, desenhá-la ou falar sobre ela, de alegria por poder celebrá-lo com uma festa, com apresentações, com  alguma coisa que fuja à rotina... nas famílias felizes, estruturadas, que estão bem entre si. Estes dias celebram-se e ponto. Fala-se no tema em todo o lado, há corações e flores espalhados, independentemente de não termos pai, mãe, ou da nossa família ser tudo menos feliz. É suposto celebrar!
Hoje temos a festa da família na escolinha, o R. há dias que só fala nisso, apresentou todo orgulhoso o desenho da sua "família linda", e lá vamos os quatro celebrar um dia que nos dá mais um motivo para sorrir. Depois lembro-me de alguns casos da salinha, em que os pais estão divorciados ou em fase de, ou que estão juntos mas que se percebe que não estão nada bem (não há como esconder), e ainda que consigam nalguns casos disfarçar junto dos filhos (difícil!), imagino como será penoso celebrar este dia, de sorriso aberto e mente limpa.

maio 07, 2014

o bem, o bom e o positivo...

Pelo que vemos nas noticias - todos os dias, excepto na véspera, dia, e dia seguinte, a um jogo do Benfica - o País e meio Mundo anda deprimido, com falta de dinheiro, de ânimo, de tempo, de tudo. 
A contrastar, em tudo o que é blogue, página de facebook, instagram e similares, a palavra de ordem é comer bem, ser bom e pensar positivo. Tudo o que são imagens, frases, momentos inspiradores registados, textos com as palavras escolhidas para nos fazer sorrir, aparece-nos à frente dos olhos. (não vos acontece?) De repente toda a gente come só o que é saudável e faz bem, toda a gente corre e pratica exercício. Toda a gente é boa mãe, bom pai, consegue fazer o multitasking com uma perna às costas. Os textos são serenos, inspiradores, motivadores, e incentivam-nos a ser positivos, sempre. 
É tanto, que chega a modos que chateia, não parece real. É tanto, que por vezes até duvidamos daquelas marcas pessoas. (Falo eu, owner d'O amor é mágico... - nada do bem, do bom e do positivo, portanto!).

Será esta uma moda? Algo impulsionado por marcas com visão para o negócio? Ou apenas,uma coincidência, uma onda de gente que quer realmente comer bem, ser bom e pensar positivo?

Não sei, estou em crer que no meio de tantas más noticias, tivemos todos (os que escrevem, os que lêem, os que praticam) de ir buscar forças e motivação para continuar, para andar para a frente, sem virar as costas ao que é nosso, e ao que é para nós.
Se estivermos atentos, todos conseguimos ver, mesmo nos dias mais cinzentos, um raio de sol que brilha nas nossas vidas, basta deixá-lo entrar. Se estivermos atentos, todos somos capazes de atingir o que queremos, basta que para isso saibamos o que queremos, tracemos o nosso caminho, e pensemos positivo para não nos desviarmos dele.
O bem, o bom e o positivo, não é impossível de alcançar, não está acessível apenas a quem tem dinheiro ou determinado status social, não é um mito criado por marcas pessoas. É uma mudança de mentalidade... para quê ficar a pensar na queda que demos, se nos vamos sentir muito melhor a pensar em como nos levantámos?!
Não é impossível, está dentro de nós... basta descobrirmos!





maio 05, 2014

não me vejo


Há dias em que olho para as fotografias e não me vejo. Ou melhor, vejo, mas com mais profundidade, atenta aos sinais do tempo, do inchaço causado por duas gravidezes, do passar dos anos, da responsabilidade acrescida. Há dias em que só consigo ver os defeitos, não encontro o brilho de outros tempos, a pele esticada e brilhante, o ar jovem e trés jolie tipico dos "vintes". Dou por mim a rever o álbum de 2008, um ano de fotografias giríssimas, em que curiosamente também via muitos defeitos na altura e agora penso "que bem que estava, afinal!". Por sinal, por estes dias recebo elogios vindos de fora (o que estão p'raí a dizer?, penso), vejo o ar admirado quando refiro a minha idade e que sou mãe de dois, sobretudo em contexto profissional, sinto-me bem, positiva, mas não o vejo reflectido nas imagens. Talvez sejam apenas dias, talvez seja apenas eu, mas há dias em que as fotografias mais bonitas são aquelas em que não me vejo.



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maio 02, 2014

Mães sem rede

Mães que estão com os filhos vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, doze meses por ano. Mães que acordam mais cedo que os filhos, se querem ter oportunidade de tomar um banho descansadas, lavar os dentes ou fazer o que lhes apetecer a sós, em silêncio, sem os minis aos seus pés. Mães que vão ao supermercado, ao dentista, à farmácia, às finanças, onde quer que tenham de ir, sempre acompanhadas dos filhos. Mães que não têm horário para ir ao ginásio, já não conhecem o caminho para o cabeleireiro, e o shopping nem sabem o que é. Mães que estão longe de saber se as riscas estão na moda, ou se a cor das unhas no momento é azul turqueza ou vermelho paixão, porque simplesmente não têm tempo. Mães que passam a ferro com o pequeno agarrado às pernas, pensam no jantar enquanto lhes dão a sopa, dobram roupa enquanto a máquina acaba de lavar, passam a ferro durante a sesta, e ainda arranjam forças para fazer bonecos de plasticina a seguir ao lanche. 
Mães sem rede. Mães a tempo inteiro, com os filhos a seu cargo, sem familiares por perto ou amigos disponíveis, sem inscrição no infantário, porque assim escolheram ou porque assim tem de ser. 
Mães sem rede. Mães que por sua escolha ou não, não têm um pai por perto onde se possam apoiar quando já não aguentam o cansaço, que não têm um ombro para chorar depois de um dia difícil, com quem possam ter uma conversa de adultos ao final do dia, dividir as alegrias e chatices de um dia a dia a sós com uma criança (ou mais). 
Mães sem rede. Mães a quem o destino trocou as voltas e lhes deu filhos doentes, ou que lhes pôs os filhos dependentes, e que não têm outra alternativa senão serem mães. Só mães.
Mães sem rede. Aquelas para quem devia ser assinalado um dia especial, a quem o País devia reconhecer importância, compensar o imenso trabalho que têm. 

Mães, domingo é o vosso dia!

abril 22, 2014

Lamentar vs Viver

Quem passa a vida a lamentar o que já passou, quão infeliz foi ou que pouca sorte teve, nunca chega a aproveitar o  que de bom pode ter à sua volta. É como se fosse uma avestruz, com a cabeça enfiada num buraco escuro, onde não gosta de estar mas de onde teima em não sair. Ver só o lado negativo da vida e eternizar essa energia não vai trazer nada de bom, pelo contrário, só pode esperar tristeza, e solidão. Por outro lado, arregaçar as mangas, seguir em frente, enfrentar os medos e os receios dá trabalho, vai custar, e até pode trazer alguns tropeções e quedas, mas a sensação que se tem ao levantar não tem preço e chama-se viver!
(E há textos que lemos, por alguma razão, nas alturas certas!)


Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto, 
quem não muda as marcas do supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.


março 12, 2014

do inicio...

Quando comecei a escrever aqui pouco conhecia da blogosfera. Tinha descoberto este blog, e depois surgiu-me outro, e por aí fora. Na realidade, não fazia a mínima ideia da quantidade de blogues que existiam na altura. Comecei, acho que já aqui disse, a falar do tempo, e depois de uma série, e num outro dia sobre um gesto bonito do marido, e sobre um sorriso do meu filho... 
Lembro-me de um dia estar a tomar café com uma amiga que é jornalista, e estarmos a falar sobre as peripécias de uma mãe-blogger que ambas seguíamos, e eu, já com este meu cantinho publicado sugeri-lhe que criasse um blog. A resposta não se fez esperar: "Achas? O que é que a minha vida tem de interessante? Eu não faço viagens pelo mundo, o meu filho já está na adolescência, não compro roupas caras... que interesse ia ter?!". Eu sorri, e não lhe falei mais no assunto. Ainda hoje ela não sabe que tenho o Amor no ar, que aqui escrevo sobre a minha vida...





A história de cada um de nós é única, e é sempre interessante, e tem sempre algo que pode suscitar mais ou menos emoções, risos, ou opiniões diversas. É nossa, e só isso é suficiente para termos orgulho. O facto de passarmos para o papel cada momento que nos trouxe algo de bom, ou uma situação menos agradável mas que nos ensinou algo de novo, registarmos uma frase dos nossos filhos, um gesto, um  carinho, torna a nossa história real, e quem sabe, inspiradora!...
Quem aqui tem o hábito de escrever, ou registar de alguma forma, momentos da sua vida?

fevereiro 11, 2014

I wish...

Quem me dera voltar a ser criança, sentir a alegria da chuva a bater-me na cara como se fosse a primeira vez, saltar com os pés dentro de água com a emoção de quem atinge uma grande meta, vibrar à séria com este tempo melancólico que nos deixa enrodilhados e sem vontade de sair de casa...

fevereiro 04, 2014

Facebook & EU

Há dez anos vivia em Lisboa, estudava no quarto ano de psicologia, morava num pequenino mas adorável T1 na Av. de Roma. Não tinha acesso à internet em casa (pouca gente tinha), combinava tudo por telemóvel (já tinha um que tirava fotografias!!), ia no 35 até Santa Apolónia, e mal sabia eu que daí a nada iria ter o meu primeiro carro. Em 2004 eu não fazia ideia o que era o facebook, e em 2005 continuava sem fazer, and so on... Julgo que foi em finais de 2009, que encerrei a minha conta do Hi5 (lembram-se??) e abri a minha conta pessoal no facebook, porque já muita gente falava nessa rede social, mas não lhe dei muito uso. Em 2010, quando o R. nasceu, dei conhecimento aos meus amigos facebookianos, um grupo restrito, através de uma fotografia discreta. Proibi toda e qualquer pessoa de publicar alguma foto do meu rebento e, não tendo sido muito bem vista, não fui desautorizada! Tenho no facebook muitos mais amigos do que na vida real. Muitos deles são conhecidos, ex colegas de escola, ex colegas de formação, amigos de amigos, mas não chego sequer aos 150 - uma excepção se formos a ver a quantidade de amigos que muita gente tem! Continuo a manter uma utilização pacífica, sem estar sempre a dizer onde estou, onde estive ou para onde vou. Fotografias minhas com o mais que tudo são uma excepção, e com os pimpolhos mais raras ainda. 
Acho que esta rede social é óptima para manter contacto com alguns amigos/familiares distantes (Hello: Manchester, São Paulo, Brasília, Aveiro, Porto, Angola...) mas devemos ter algum cuidado na sua utilização. É óptima pela partilha de notícias, conhecimentos, imagens e mensagens inspiradoras, mas devemos ter em atenção a partilha da nossa vida pessoal...
Quanto à minha página de facebook, devo dizer que foi uma forma de espalhar o amor, de dar a conhecer a mais pessoas este meu espaço que gosto tanto, e resultou! já somos 242 243 :) (mas os 100 daqui são-me muito queridos!!)

Parabéns Facebook! Ao contrário de outros, julgo que vieste para ficar ;)

janeiro 27, 2014

cenas deste País... (#2)

Soube no outro dia, que quem quiser adoptar uma criança - seja um casal hetero ou um pai/mãe solteiro, homo é que não, já se sabe! - dar-lhe amor e carinho, dar-lhe um lar e tirá-la de uma instituição, que por muito boas condições que tenha (e muitas vezes, não tem), por muito bons técnicos que tenha (e por vezes, não tem) nunca se vai assemelhar a um lar e a uma família, vai ter que ter mais uma alínea, na p*** da Lei, em linha de conta. Pois, já não bastava todos aqueles que não podem ser adoptados porque a Lei é preconceituosa, agora um casal com filhos que opte pela adopção para aumentar a família, tem que querer uma criança mais nova que os restantes filhos já existentes. Ou seja, alguém que tenha filhos pequenos (dois/três anos) e queira adoptar outra criança criança, e não um bebé, e não pode! A sério, isto não é normal. As crianças (não os bebés) são os mais difíceis de adoptar, porque regra geral os casais preferem quase recém nascidos, essas crianças acabam por passar a vida toda institucionalizadas, e quando surge alguém que por acaso até as queria, já grandinhas, com gostos e manhas, com noção do que é a sua vida, e que gostaria de amá-la e dar-lhe um mundo de criança... não pode... neste País!?

janeiro 25, 2014

janeiro 17, 2014

cenas deste País...

Vejamos:
- a pessoa pode fazer fertilização in vitro;
- a pessoa (homem ou mulher) sozinha pode adoptar uma criança;
- essa mesma pessoa, pode pegar no seu filho (biológico ou adoptado) e ir viver com outra pessoa do mesmo sexo;
- um casal heterossexual pode divorciar-se e um dos progenitores (que se assume como homossexual) pode ficar com a guarda dos filhos e ir viver com um/a companheiro/a do mesmo sexo;
- um casal homossexual pode casar...

Mas, vamos lá gastar mais uns milhões num referendo para ver se autorizamos ou não, um casal homossexual, que já casou e que até pode estar a viver e a educar filhos seus (biológicos) a adoptar uma criança, que em vez de poder ser amada e crescer num meio familiar equilibrado, vai passar a sua infância e adolescência numa qualquer instituição deste País (tão preocupado com o seu desenvolvimento psíquico e emocional)!...

janeiro 10, 2014

Divago.

Muito cinzento. Pouca cor. Falta energia, luz, da boa. Falta algo forte, que me identifique, que nos transporte/projecte, que nos faça rir/sorrir. Deixar de ser cutchi-cutchi, sem ser frio ou arrogante. Manter a doçura mas juntar a pimenta para dar textura!... (too much Master Chef!?)
Mudar, mudar, mudar... não deve tardar!