Nunca me passou pela cabeça que fosse a mãe. Segui as noticias desde o inicio, vi as primeiras declarações, achei um pouco estranho a criança de apenas ano e meio estar só com outras crianças na altura em que desapareceu, mas tratava-se de uma aldeia. Coloquei-me no lugar daquela mãe e não julguei a sua calma, a falta de lágrimas, a ausência de desespero. Imaginei que pudessem ser os meus filhos... quase que chorei só de pensar.
Depois o menino apareceu são e salvo. Que bom, que bom que ele estava bem, que não lhe tinham feito mal, que voltou para a família, que embora humilde e a viver em condições muito difíceis, era a sua família, era quem o amava. Vi uma entrevista da mãe num programa da manhã. E estranhei novamente a ausência de lágrimas, o discurso corrido, a falta do nó na garganta ao recordar os momentos terríveis que tinha vivido há poucos dias. Mas não desconfiei dela, jovem, com origens numa família desestruturada, por certo com uma vida difícil em tão poucos anos... como se tudo isto colmatasse a falta de uma terrível dor, na hipótese de se ter perdido um filho.
Ao que parece já confessou, ao que parece já desconfiavam da mãe, do seu comportamento distante como se a história fosse de outro, uma novela talvez. No fundo, eu também vi os sinais, mas a mãe em mim preferiu assumir que apenas um estranho colocaria aquele menino lindo em perigo, só alguém que não o carregou nove meses, não o alimentou nem o viu crescer dia após dia, só quem não tinha qualquer ligação com aquela criança poderia querer prejudicá-lo. Ainda que digam que foi por dinheiro, que ele ia para viver melhor... que espécie de mãe faz isto?
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1 comentário:
Não é uma mãe de verdade, com certeza.
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