Num convívio com amigos, todos com filhos pequenos, contávamos pequenos episódios do dia a dia que nos desarmam, fazem rir ou, por outra, nos tiram do sério. No meio da conversa a G. - técnica de saúde, duas filhas (8 e 3 anos) - contava quase em segredo, como ficou encavacada quando a filha mais velha lhe disse que ficava "com vontade de fazer xixi" quando via cenas de namoro na novela. Nós rimo-nos e ela disse que há-de chegar a nossa vez. Não tardaram a chover histórias da descoberta da sexualidade dos outros pequenitos na casa dos três anos. Espantadas?! A primeira vez que o meu filho me disse que tinha "a pilinha a nascer", já lá vão largos meses, não queria acreditar. Nós ouvimos relatos, sabemos que Freud explica, mas quando acontece com os nossos o caso muda de figura. Mas se nos afastarmos um pouco, e virmos ali uma criança em vez de vermos o nosso filho ou filha, percebemos como o seu desenvolvimento está no percurso normal.
Então, finjamos que os nossos filhos são os filhos das nossas amigas, e tenhamos em mente:
- Por volta dos três anos a criança já tem a identidade de género definida, já sabe se é menino ou menina.
- Tudo à sua volta serve de modelo de aprendizagem: os pais, os irmãos, outras crianças, o jardim de infância, a censura dos pares.
- Aos dois meses os bebés descobrem as mãos e aos seis os pés. As crianças de 2-3 anos começam a perceber o que as distingue (meninos/meninas) e exploram os seus órgãos sexuais, podendo ter prazer. Mas esta descoberta é feita inocentemente, sem estar acoplada a fantasias sexuais, e como tal, deve ser encarada naturalmente pelos pais e quem as rodeia. O facto de muitas vezes manipularem os seus órgãos sexuais, na sala enquanto os pais recebem os amigos ou na praia em frente a toda a gente, é sinal dessa inocência inerente à descoberta.
- Os pais (avós, educadores) não devem repreender nem humilhar a criança, sob risco de comprometer a sua visão futura em relação à sexualidade. Devem no entanto, passar a mensagem que a manipulação dos órgão sexuais deve ser um assunto íntimo e não se deve fazer em frente de outras pessoas.
- Quanto menos importância se der a este comportamento mais rapidamente ele deixará de acontecer.
- No caso de haver dúvidas sobre como encarar esta fase de desenvolvimento ou notarem algum comportamento excessivo, os pais devem contactar o seu médico assistente.
- Na fase das perguntas mais concretas e (im)pertinentes devemos sempre responder-lhes mas sem complicar. Devemos dar as respostas na medida da pergunta que eles nos fazem, sem ir mais além.
Por último, não se esqueçam que eles são os vossos (nossos) filhos, mas que inevitavelmente vão crescer e esta é apenas mais uma fase do seu desenvolvimento... por muito que nos (me) custe lidar com isso!
Deixo-vos este episódio que penso que retrata bem o que acabei de falar aqui! ;)
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