Os (meus) filhos são portáteis *

O verão chegou (atrasado) mas parece que é desta, e ninguém consegue pensar em mais nada senão nas férias. Uns com mais dias do que outros, com mais ou menos dinheiro, com planos para percorrer maiores ou menores distâncias, mas o que é certo é que o desejo é comum: queremos fééériiias!

Quem não tem filhos, tem à partida, mais dinheiro, mais tempo, mais disponibilidade e capacidade de improviso, para aproveitar esta estação maravilhosa. É verdade. É só agarrarem nos telemóveis e na chave do carro e partirem à descoberta. (mais coisa menos coisa)

Para quem tem filhos, as férias são todo um plano pormenorizado, há uma série de questões a ter em conta para incluir os pequenos seres nas viagens em família, fazendo com que muitos pais se questionem se vale mesmo a pena sair de casa!  

No planeamento das férias, os diálogos entre pais, são mais ou menos assim:

O que levar? Temos que levar o carrinho, os brinquedos da praia, o guarda sol, as toalhas, o protector solar, o stock de fraldas (porque ele só se dá com aquelas), água e fruta para a viagem, os contactos do pediatra, nãos esquecer a chucha preferida e o boneco de dormir... e com um bocadinho de sorte, os pais têm espaço na mala para levar uma muda de roupa!

Para onde? Não convém fazer mais de 3 horas de carro senão eles não aguentam, campismo não dá porque ela está na fase de desfralde, esse Resort não é baby friendly (uma amiga contou-me), 8 horas de avião nem pensar, esse destino é caríssimo, esse outro não tem graça irmos com as crianças... 

Quando? Ora, em Agosto o Algarve está uma grande confusão, em Setembro não pode ser porque começam as aulas, para esse Resort não temos dinheiro disponibilidade, tão longe não podemos afinal o filho pequeno nasceu há 3 dias... O melhor é ficarmos pela praia aqui perto de casa mesmo! 

Mas vale a pena ir? Temos que ter atenção às horas que podemos ir à praia, e depois eles têm que dormir a sesta, o horário das refeições também ter que ser cumprido, e as birras dos terrible two vão-nos fazer penar, às nove da noite eles já estão com sono e temos que os deitar... 

E pronto, com toda a logística que é preciso tratar, com tantos pormenores a ter em conta, há muito pai e muita mãe que acaba por não tirar férias (nem que sejam 3 dias) para sair um pouco da rotina, descobrir sítios novos, respirar outro ar, diferente do de todos os dias... com os filhos. 

Eu costumo dizer que os (meus) filhos são portáteis. Nós pais, não devemos deixar de fazer a nossa vida porque temos filhos, podemos antes inclui-los nas nossas rotinas (adaptadas)! Claro que hoje temos menos dinheiro, menos capacidade de improviso, menos disponibilidade do que tínhamos antes de os ter, mas com algum esforço e visão de futuro (os dias de dolce far niente que nos esperam) é possível. (Vá, estava a ser optimista com o não fazer nada... vai ser uma correria, mas das boas!)

Depois também é preciso des-com-pli-car! São férias! Eles podem dormir a sesta no carrinho enquanto passeiam, podem saltar a sopa na refeição (na praia só apetece fruta e sandes mesmo), e as nove da noite podem ser quando os pais quiserem. E as birras? Nem vê-las. Férias são mesmo sinónimo de quebrar as rotinas e algumas regras porque eles, tal como nós, também precisam dessa noção de liberdade. E sabe tão bem!

Agora toca a encher a mala do carro de tralha, a besuntar os miúdos com protector, esquecer os horários e rumar a qualquer sítio que vos faça ter uns dias felizes em família! Ah, e não se esqueçam da máquina fotográfica. Sempre!

* Podem encontrar mais posts sobre este tema aqui, se quiserem ler!

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