Tenho uma vizinha nova. e quando digo nova, quero dizer recém nascida. Oiço-a todas as noites, mais ou menos à mesma hora, naquele choro inconsolável e estridente que só os recém-nascidos sabem ter. Aquele som capaz de fazer enlouquecer os pais inexperientes, que não sabem se serão cólicas, se será fome, se é melhor embalar nos braços ou deitar no berço. E mesmo para aqueles que já passaram do primeiro filho, estes choros às vezes não são fáceis.
Invariavelmente, oiço a porta a abrir e o choro a tornar-se mais audível, até se desvanecer no elevador. A nova vizinha vai embalada nos passos da mãe, de passeio no sling, para ver se todos os males lhe passam.
Impossível não recuar seis anos e reviver este choro, estes primeiros meses de tentativa e erro e de descobertas com um primeiro filho. O Rodrigo era assim. Chorou durante três meses, todos os dias, mais ou menos á mesma hora. Este choro que nos perfura o tímpano e nos baralha a razão. Exactamente há seis anos (tenho as fotos por dias!) ele era este pequeno ser a querer descobrir o mundo, certinho na hora de comer e chorar, que adorava mama e dormir de barriga para baixo - só no sofá e comigo ao lado. Há seis anos estava este calor que só acalma à noite, na rua, com grandes passeios embalados pelos nossos passos e ao som do bater do coração.
Impossível não reviver a experiência do nosso primeiro filho e, acreditem ou não, com saudades.
Sofia**
* para as mães de recém nascidos que me estejam a ler: não se preocupem, isso passa! O Rodrigo, depois dos 3 meses, dormia noites seguidas e adormecia sozinho. Até hoje!
1 comentário:
... e que saudades;
Mas essas têm bom remédio.
Lov-U!
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