junho 01, 2017

meninos vs bonecas?! *

há umas semanas os meus filhos foram desencantar um Nenuco que uma amiga deixou cá em casa. brincam com ele como se não tivessem mais nada para se entreter. preocupam-se se chora, se come, se está tapado à noite, e até pediram à avó que fizesse um gorro de lã para lhe pôr na cabeça! o Duarte, que quase todos os dias leva um brinquedo para a escola, decidiu que este era o seu preferido, e lá fomos nós, rua fora com o seu bebé, para espanto de quem ia passando por nós! 
mas o boneco é só um e eles são dois, logo há disputas a toda a hora. e não esquecer que o dito Nenuco é de uma amiga, e a determinada altura será devolvido! 
com a aproximação do aniversário do meu pequeno, começaram as perguntas sobre as prendas, o que lhe dar, o que é que ele precisa?? eu confesso que pedi a toda a gente que lhe desse roupa para a Primavera, no limite a trotinete que ele pediu, mas brinquedos nem pensar. não depois deste Natal em que eles receberam o que pediram e não ligaram a nada... e o quarto, como imagino tantos outros, tem tralha espalhada por todo o lado, coisa que me mexe com o sistema nervoso!
mas às tantas, a minha mãe, que preferiu dar dinheiro para eu escolher a roupa, queria oferecer-lhe um mimo (para não lhe entregar a nota)! pensa lá em alguma coisa para eu dar ao menino!, disse-me ela. Um Nenuco! disse-lhe eu! não vou negar, houve espanto na minha sugestão, a minha mãe não acreditava que os seus netos, rapazes pouco delicados como são, sempre às lutas e a trepar às árvores, pudessem ter a sensibilidade de andar a cuidar de um bebé de um lado para o outro! tive que lhe enviar umas fotos dos netos com o seu bisneto para ser mais credível.




a verdade é mesmo esta: não se oferecem Nenucos aos meninos nem carrinhos às meninas! e há sempre espanto quando os pedidos das crianças fogem às regras preconceituosas estipuladas pelos adultos. como se na sociedade actual as mulheres não conduzissem, não existisse futebol feminino, ou os homens não mudassem fraldas, não cozinhassem nem participassem em tantas outras tarefas outrora entregues às mulheres. a sociedade mudou, os estilos de vida mudaram, e está na altura de colocarmos de lado os pré conceitos e mostrarmos aos nossos filhos que eles podem fazer de tudo um pouco.

mas e se o preconceito já vem no ADN?
pois, é que cá em casa não temos tarefas só para A ou só para B, todos participamos em tudo, embora seja verdade que por comodismo, há coisas que normalmente sou eu que faço (arrumar a cozinha) e outras o pai (levar o carro à oficina), por exemplo. mas também é verdade, que o pai também aspira e eu também conduzo... isto para dizer, que apesar de toda esta "liberdade" nas nossas rotinas diárias, o meu filho mais velho sai-se muitas vezes com esta "pai, mas isso é para as mulheres fazerem!", e o pequeno "não mãe, isto não é para meninas!!".
desculpem?? levam imediatamente uma ensaboadela sobre a generalidade dos géneros e das tarefas, e de que todos podemos e devemos fazer tudo. estamos à espera que água mole em pedra dura...


e por aí, que tipo de experiências têm com os vossos meninos e meninas?

podem ler esta reportagem do Expresso e espreitar este projecto interessante!





Sofia**





* post escrito em Fevereiro e esquecido em rascunho... mas actual!











2 comentários:

Magda disse...

A minha filha anda a pedir uma tartaruga ninja desde o natal. ainda não a tem porque tb tinha pedido outras coisas que até já tinhamos comprado. Não gosto de lhes dizer que isto é para menina ou para menino, têm liberdade de brincar ao e com o que quiserem. O pequeno adora o frozen e volta e meia mascara-se com o vestido da irmã e tudo. há uns dias comprei-lhe a ela a mochila para a primária e ela escolheu precisamente a das tartarugas ninja, o pai já se preparava para lhe dizer que "era de menino" quando lhe lancei um dos meus olhares devoradores e calou-se a tempo. Ela insistiu nesta e veio super feliz para casa.
E os teus miúdos? Já têm o nenuco ou não?

célia disse...

Olá! O meu João tem 6 anos e desde bébé que sempre brincou com os Nenucos da irmã. Eram sempre dois que levava para todo o lado e nunca nos podíamos esquecer deles. Agora, tanto joga futebol, como anda de skate ou passa horas a brincar com as Piny Pons ou, se a irmã deixar, com as Barbies. Nunca me fez confusão nenhuma! E ele continua a ser feliz, que é o que me interessa. Beijinhos, Célia Moleiro