outubro 17, 2017

não, não sou infantil!


depois de 17 de Junho deste ano, achei que o que de mais terrível podia acontecer no nosso País já tinha acontecido. fogos terríveis que desvastaram casas, empregos, famílias. 65 mortos. pior que isto era impossível. achava eu.
achei mesmo que depois destes acontecimentos de Junho, as autoridades e o governo iam começar a alterar o que já devia ter sido alterado há muitos anos, a repensar as leis, as penas e a reordenação das florestas, investir em meios e profissionalizar os bombeiros. claro que não fui ingénua ao ponto de pensar que em poucos meses tudo mudaria. não sou infantil! mas sinceramente achei que, pelo menos, a comunicação entre os maiores intervenientes da Protecção Civil, Liga Nacional de Bombeiros, Governo em geral, iria tornar-se clara, franca e sem rodeios. mas não.


ouvi as noticias de que davam conta de mais de 500 incêndios num só dia. Braga, Viseu, Aveiro, Leiria. tenho família e amigos em todos estes lugares. ouvi a chegada dos primeiros números, as primeiras vítimas mortais, enquanto assistia ao apedrejamento virtual dos responsáveis do governo, por parte dos cibernautas. serenamente, coloquei-me no lugar deles (governantes), pensei que em quatro meses seria mesmo impossível alterar problemas com décadas. não fui infantil. a meu ver.

depois, o Presidente da Liga Nacional de Bombeiros afirma na SIC que as autoridades estavam informadas de que as temperaturas e as condições no terreno podiam levar a que uma nova tragédia acontecesse e que, mesmo assim, ninguém fez nada. "assumam as responsabilidades", dizia.
os relatos de quem perdeu tudo, as imagens de quem atravessou o fogo para se salvar, o vermelho no céu escuro, o fumo, as cinzas...
e o nosso Primeiro Ministro a dizer, com todas as letras, que é muito provável que este tipo de catástrofe volte a acontecer no nosso País! 


incrédula, pergunto-me: será que em pleno séc. XXI, na era da partilha, da comunicação, dos meios mais avançados de previsão de tudo e de nada, é plausível assistirmos impávidos e serenos a este tipo de declarações??



alguém tem que fazer alguma coisa! 
não peço demissões, não peço férias para quem trabalhou tanto mas infelizmente não fez nada, só peço empatia e atitudes. comecem já a alterar alguma coisa, gastem o que for preciso para reflorestar Portugal, para reerguer as vidas consumidas, para minimizar o que podia ter sido evitado, pelo menos nas suas dimensões. 
Deixem de ser infantis e COMUNIQUEM, entendam-se, deixem as vaidades de lado. Unam-se pelo vosso povo, porque foi isso que apregoaram nas vossas campanhas eleitorais e foi para isso que votaram em vós!





A todos os que sofrem neste momento um abraço apertado.







Sofia**






outubro 06, 2017

ás vezes...






ás vezes também me farto do voltar sempre onde fomos felizes, sorri para a vida que ela sorri de volta, escolhe as pessoas luz para estarem perto de ti... enfim, um sem número de frases feitas positivas, cheias de boas energias que parecem querer dar-nos um boost de optimismo de cada vez que as lemos no facebook, instagram ou blog de alguém. mas de tão repetidas, de tão lidas que são, por vezes, até parecem perder o seu sentido. de tão partilhadas, parece que de repente todos temos que viver numa bolha de felicidade e harmonia, mesmo com o mundo a desabar à nossa volta. nem falo da loucura de Las Vegas, do desnorte em Barcelona ou do perigo iminente na Coreia do Norte. quando ás vezes me farto, penso na mãe que tem que apanhar dois comboios para ir trabalhar, sai de casa com os filhos ainda a dormir e volta quando eles já dormem ou estão prontos para isso. falo na mulher que não encontra a sua cara metade e para além de se ver numa situação de solidão que não lhe agrada, ainda vê o relógio biológico a girar mais depressa que a própria vida. penso naqueles que ainda não encontraram o seu propósito de vida e sofrem com isso. penso naqueles que perderam um ente querido, de forma inesperada ou não. 

bolas, a vida pode ser mesmo dramática, cruel e sem graça nenhuma! (suspiro)
não, não pode! tanto quanto sabemos só temos direito a uma passagem pela vida e todos merecemos desfrutar desta viagem da melhor forma possível. e é aqui que a frase positiva faz todo o sentido, porque todos temos os nossos momentos menos bons, de sofrimento, de crescimento, mas continuamos cá! a vida avança, não pára nem espera enquanto nos fechamos num quarto escuro a ver se a dor desaparece, se a solução surge como por magia. e ás vezes, ler uma frase feita faz-nos sorrir, leva-nos a mudar a perspectiva, traz-nos a energia que não imaginávamos que tínhamos, e a vida volta a fazer sentido. nós sorrimos e, na volta, ela sorri-nos também!
não nos esqueçamos disso!








dia bom! Um fim de semana cheio de sorrisos!



Sofia**
















outubro 04, 2017

BARCELONA - DICAS

já voltámos há mais de um mês mas todos estes acontecimentos têm trazido uma certa hesitação na publicação deste post. 
por outro lado, Barcelona vai ser sempre um lugar bem guardado no coração, no meu e no de muitos e, certamente, vai ter sempre muitas pessoas a quererem visitar esta cidade magnifica! (Paz, é o que desejo para a Catalunha em geral e Barcelona em particular!)

Fazendo um resumo, para quem não teve oportunidade de ler (podem voltar aqui), nas férias fomos para Montroig e aproveitámos um dos dias para visitar Barcelona, que fica a pouco mais de 100 km. Foram dez horas, com duas crianças, numa cidade que tem muuuuito para ver ... querem saber como fizemos? 






Para ser sincera, um dia é muito pouco tempo para conhecer Barcelona. A cidade é imensa, cheia de cultura e monumentos que merecem que fiquemos a apreciar a sua beleza e complexidade. Depois, eu (nós) sou das que gosta de andar pelas ruas de uma nova cidade e conhecê-la como se vivesse lá, e claro, em tão pouco tempo e com dois piolhos como companhia, é de todo impossível! Ah, e la movida... esqueçam, não deu para nada, até porque quando chegámos ás Ramblas eu já estava pronta para ouvir o Vitinho e dormir onde me fosse possível! 

Mas, assim, viram o quê afinal? - perguntam vocês! TUDO! - respondo eu.

Então foi assim:

- na véspera comprámos os bilhetes do Bus Turístico, online. Existem duas companhias, uma pública e outra privada. Nós comprámos na pública porque tinha mais autocarros e para quem tem o tempo contado dá muito jeito! Há três rotas, que abrangem toda a cidade. Começámos na rota Azul porque queríamos visitar o Parque Guell perto da hora de almoço (podem ver essa aventura aqui), e terminámos na Verde, para vermos o fim do dia na zona das praias.
Foi a primeira vez que andei neste tipo de autocarros e aconselho. São confortáveis, têm auscultadores que nos permitem escolher o idioma e cujo guia nos fala sobre a história da cidade, o que é óptimo. Além disso, mudámos de Bus algumas vezes e nunca estivemos muito tempo à espera, estão sempre a passar, para não falar que os miúdos adoraram ver a cidade sem se cansarem! (o Duarte até fez uma sesta e tudo!). Pagámos cerca de €80,00 pelos quatro bilhetes.


- Quando vimos qual a paragem de BUS que nos interessava (na praça da Catalunha) procurámos um parking onde pudéssemos deixar o nosso carro. É aconselhável, não só pela segurança como pela tranquilidade de não termos que nos preocupar com achar lugares de estacionamento e pagar parquímetros. Pagámos €20,00 pelo dia no parque e comprámos bilhete online


- Já se sabe que as crianças são pouco tolerantes à sede e à fome, por isso fomos prevenidos. Não queríamos perder muito tempo com refeições, por isso planeámos jantar em qualquer sitio pelas Ramblas (perto do parking) e levámos comida distribuída pelas mochilas. Sandes compostas, sumos, muita água, fruta e uns snacks para o lanche foram o suficiente para passarmos bem o dia sem perder tempo, porque até no Bus dava para trincarmos qualquer coisa.


- O dia esteve muito bom, estava calor mas encoberto, por isso andámos sempre bem. No entanto, é aconselhável levar chapéus, principalmente para os miúdos, porque quando havia abertas o sol era forte.

- Máquina fotográfica, imprescindível! Não querem sair de Barcelona sem fotos dos principais monumentos, da vossa família naqueles lugares incríveis, pois não? (aviso: levem baterias extra... eu levei 3 e vieram a 0%!!)


- Terminámos o dia nas Ramblas, nós super cansados, os miúdos prontos para tudo! (dá para acreditar?) Há muitos quiosques de recuerdos, muitas lojinhas, restaurantes, hóteis, (muita segurança) e gente. muita gente! Não perder as crianças de vista é imperativo!




Claro que não fomos a nenhum dos monumentos que gostávamos, só passámos por eles, ouvimos a sua história e tirámos fotografias! Mas deu para ficar com uma boa ideia da cidade, com muita vontade de lá voltar, e além disso, os miúdos gostaram muito. Estando ali tão perto fazia todo o sentido irmos lá com eles, ainda que não visitássemos a cidade em profundidade.


Espero que estas dicas ajudem quem esteja a pensar lá ir, e se tiverem outras, adorava que partilhassem!






Bom feriado!


Sofia**





setembro 29, 2017

sobre ontem *


"primeiro acredita, porque é assim que tudo começa. depois descomplica, porque é assim que tudo avança. a seguir confia, porque é assim que respiras fundo. e já na estrada, de mangas arregaçadas e olhar focado no caminho, ajusta a tua bússola. marca o teu ritmo.
pelo caminho, abraça muito.  ao longo da viagem, sê mais do que construtora da tua vida: sê também cuidadora da tua vida, de ti. 
de certo e de garantido saberás, apenas, que o mundo dá voltas todos os dias. que a vida só te vai trazer [e fazer permanecer] o que te pertence. que a fé é a única força segura que te faz mover. que milagres acontecem [quando acreditas com o coração]. e que o amor, o teu e o dos que te querem bem, é a única bagagem que deves carregar para todo o lado. 
não vou jurar que vai ser fácil. mas prometo que vai valer a pena deixar (só) o coração falar."





* obrigada N.!  ;)

setembro 27, 2017

desabafo de uma mãe com um filho de (1) 7!?

há coisas para as quais ninguém nos prepara quando decidimos ter um filho.
é verdade que ninguém nos diz que os primeiros dias vão ser mais de dor (nos pontos, nos peitos, nos sentimentos) do que de amor (pelo filho acabadinho de nascer, plano prá vida, coisa mais fofa!), que nos primeiros meses vamos andar ás aranhas para comer, dormir, tomar banho e pensar sequer em namorar é mentira.
é generalizado que o que todos nos dizem é para aproveitarmos estes primeiros tempos, que passa tudo muito depressa, que em breve a vida está de volta ao normal, que é só uma fase, eles crescem, patati-patatá... mas, espera aí, volta atrás!! "tudo de volta ao normal! é só uma fase?"

mas quando??



bom, eu posso dizer-vos que já passei da sala da espera do tudo volta ao normal porque, a verdade é que não volta! desculpem ser assim a frio, mas é a verdade! 


eventualmente eles começam a dormir as noites inteiras mas vocês não! nunca mais vão ter uma noite descansada, porque mesmo quando eles estão bem e vocês julgam que estão a dormir, na verdade vocês estão em estado de alerta, e ao suspiro mais sonoro é ver-vos a saltar da cama num instante. certo?

sim, eles vão deixar de precisar das vossas maminhas para se alimentar, mas depois vem a saga das papas e das sopas e ai jesus que ele não gosta ou não come o suficiente, e adiantam a hora do jantar ou atrasam, põem batata doce ou retiram o nabo e durante meses parecem cientistas na cozinha para satisfazer as vontades de V. Exas. os vossos filhos! (já disse que são a coisa mais fofa?)

à medida que eles crescendo vão-se tornando mais autónomos e aí vocês pensam que vão ter mais tempo livre, mais espaço para os vossos hobbies e amigas, mas entretanto eles também vão começar a ter actividades e hobbies e amigos, e se não tiverem cuidado e uma agenda bem planeada, num fósforo, lá se foi o vosso tempo livre!

ah, e as birras? também é só uma fase, deixem estar! meia dúzia de vergonhas em locais públicos e vão ver que se habituam!

quando já estão mais velhos (tipo, escola primária), já falam bem, já nos entendem bem e até conseguimos manter uma conversa, vocês pensam que agora é que é, agora as coisas vão voltar ao normal, afinal já têm homenzinhos e mulherzinhas em casa, com quem podem debater-questões-importantes-para-o-bom -funcionamento-do-lar-sem-que-eles-se-atirem-para-o-chão-a-bater-com-os-pés mas (outra coisa que ninguém vos diz: há sempre um grande MAS)... mas eles agora já não batem com os pés, já não vos envergonham com birras descomunais à porta do supermercado, já não choram baba e ranho como se tivessem sido abandonados. Não, eles agora argumentam! Eles argumentam cheios de razão e propriedade naquilo que estão a defender. com um bocadinho de sorte ainda vos olham com aquele ar de desdém que vocês já viram nos filhos dos outros, mas Deus me livre, nos vossos não! E vocês, que com um bocadinho de "azar" estão fartas de ler sobre psicologia do desenvolvimento, ou até são psicólogas ou coisa que valha, tentam não gritar, tentam não bater, tentam dar a volta à situação da forma mais psi, zen, positiva possível, mas quando não dá para conter levam com o triplo da culpa que toda a mãe que é mãe carrega. Sim, esta é outra que ninguém vos conta: a p*** da culpa é siamesa da maternidade!



e então digo-vos, mães e futuras mães que me lêem, o pior é mesmo isto: a gestão materna dos sentimentos!! para isto ninguém vos prepara. Nenhuma amiga vos visita na maternidade, mesmo que já tenha 4 filhos, e vos diz que o mais difícil vai ser lidar com eles daí a uns anos, que o difícil vai ser gerir os sentimentos, saber dosear o sim e o não, a liberdade e os cortes, o sentido de humor com a seriedade necessária. Não amigas, esta parte não vem nos livros, só naqueles que vocês vão procurar quando já estão no meio da coisa, rodeada de cenas difíceis para resolver e a pensar que nunca pensaram que fosse acontecer convosco! 


Ah, mas é uma fase, deixa, passa depressa, vais ver. Não tarda eles saem de casa e ainda choras por eles! - dizem vocês!
ao que eu respondo:
Não, não, é isto tudo e eu ainda vou só em sete anos de maternidade! Sim, leram bem SETE! 


(diz que a adolescência costumava ser com que idade??)




Posto isto, boa sorte a todas! Agora já não podem dizer que ninguém vos avisou! ;)


de nada,

Sofia**






PS: mas sim, eles são a melhor coisa do mundo! Isso não muda... vá-se lá perceber porquê!