Não sou ingénua. Sei que ainda estamos no inicio de todo um caminho, não tivesse eu uma irmã quatro anos mais nova. Sei que os ciúmes vão continuar vida fora, bem como as brigas e este amor lindo que os une. Mas para já, quatro meses e meio depois, consigo ver mudanças e uma ligação cada vez mais bonita.
Acto (#1) - Quem és tu?
As atitudes do R. revelavam alguma agressividade contida para com aquele ser minúsculo e barulhento que subitamente ocupou o meu colo, o meu peito, e aos seus olhos, o seu lugar. Ignorava-me e corria para o colo do pai, como se quisesse preservar pelo menos aquele território que parecia estar livre frequentemente, e estava na realidade. Ignorava o mano, apesar de pedir para lhe pegar ou o proteger de colos alheios nos primeiros dias. Fazia a sua vida normal dentro daquilo que era possível, tentando evitar a aceitação daquele ser minúsculo que tinha chegado a casa.
Acto (#2) - Não te quero aqui!
Por vezes era mesmo isto que dizia, outras disfarçava. Sabíamos que havia ali um misto de "gosto de ti mas não sei bem como!" Aproximava-se do mano, fazia-lhe festas, mas mais para agradar estes dois que o observavam do que por vontade própria. Os gestos eram ansiosos, bruscos e depressa perdiam todo o interesse. Começou a questionar onde ficava eu durante o dia e porque é que tinha que ir para a escola... passou a perceber que a mãe que era só dele, passava muito tempo com o outro que tinha chegado há tão pouco tempo. Sentia-se que todo ele palpitava, como se fosse uma pipoca prestes a rebentar, tal era a sua ansiedade. Fazia tudo para chamar a atenção e da pior maneira possível, pedia que nos zangássemos com ele, como se dessa forma lhe demonstrássemos que ele importava.
Acto (#3) - Ah, tu és o meu mano!
Hoje. Ao mesmo tempo que se apercebe que o D. veio para ficar, percebe também que somos um todo, do qual ele nunca será excluído. Ainda não compreende bem como gerir estes sentimentos, estes ciúmes que surgem quando a atenção se dirige para o mano, ou quando não lhe respondo imediatamente porque estou a acalmar o pequenino, mas já o aceitou mesmo sem saber. Acha-lhe piada, gosta de fazer palhaçadas e ver que o irmão se ri, de lhe dar beijinhos em gestos mais controlados, e de fazer planos para o futuro, dentro do que é o futuro de uma criança de três anos. Conta-nos como vai ser bom quando pudermos voltar aos nossos passeios de bicicleta mas, desta vez, com mais uma cadeirinha. Imagina-se a jogar à bola a três, e já pergunta se o mano vai para a sua escolinha. Aos poucos, começa a inclui-lo nas suas rotinas, nos seus dias, a torná-lo real ainda que, por vezes, lhe custe (muito) aceitar que já não é o único!
(continua)
Estas fases não são estanques, nem têm dias contados. Foram acontecendo, continuam a acontecer. São normais e saudáveis, mas dão trabalho e mexem muito connosco. Fazem-nos questionar muitas vezes se estaremos a fazer tudo como deve ser, a apoia-lo como deveríamos nesta nova fase do seu crescimento.
Estou em crer que sim. Mais tarde vamos todos serenar e brincar muito a quatro, vamos ter recordações maravilhosas, e estes dois vão se sentir uns privilegiados por poderem partilhar a sua vida um com o outro!
Por vezes era mesmo isto que dizia, outras disfarçava. Sabíamos que havia ali um misto de "gosto de ti mas não sei bem como!" Aproximava-se do mano, fazia-lhe festas, mas mais para agradar estes dois que o observavam do que por vontade própria. Os gestos eram ansiosos, bruscos e depressa perdiam todo o interesse. Começou a questionar onde ficava eu durante o dia e porque é que tinha que ir para a escola... passou a perceber que a mãe que era só dele, passava muito tempo com o outro que tinha chegado há tão pouco tempo. Sentia-se que todo ele palpitava, como se fosse uma pipoca prestes a rebentar, tal era a sua ansiedade. Fazia tudo para chamar a atenção e da pior maneira possível, pedia que nos zangássemos com ele, como se dessa forma lhe demonstrássemos que ele importava.
Acto (#3) - Ah, tu és o meu mano!
Hoje. Ao mesmo tempo que se apercebe que o D. veio para ficar, percebe também que somos um todo, do qual ele nunca será excluído. Ainda não compreende bem como gerir estes sentimentos, estes ciúmes que surgem quando a atenção se dirige para o mano, ou quando não lhe respondo imediatamente porque estou a acalmar o pequenino, mas já o aceitou mesmo sem saber. Acha-lhe piada, gosta de fazer palhaçadas e ver que o irmão se ri, de lhe dar beijinhos em gestos mais controlados, e de fazer planos para o futuro, dentro do que é o futuro de uma criança de três anos. Conta-nos como vai ser bom quando pudermos voltar aos nossos passeios de bicicleta mas, desta vez, com mais uma cadeirinha. Imagina-se a jogar à bola a três, e já pergunta se o mano vai para a sua escolinha. Aos poucos, começa a inclui-lo nas suas rotinas, nos seus dias, a torná-lo real ainda que, por vezes, lhe custe (muito) aceitar que já não é o único!
(continua)
Estas fases não são estanques, nem têm dias contados. Foram acontecendo, continuam a acontecer. São normais e saudáveis, mas dão trabalho e mexem muito connosco. Fazem-nos questionar muitas vezes se estaremos a fazer tudo como deve ser, a apoia-lo como deveríamos nesta nova fase do seu crescimento.
Estou em crer que sim. Mais tarde vamos todos serenar e brincar muito a quatro, vamos ter recordações maravilhosas, e estes dois vão se sentir uns privilegiados por poderem partilhar a sua vida um com o outro!
1 comentário:
As minhas não fazem sequer dois anos de diferença. E quando nasceu a mais nova, durante cerca de seis meses, a mais velha ignorou-a completamente. Só mesmo quando começou a interagir é que se aproximaram, embora a pequenita desde sempre ficasse pasmada a olhar para a mais velha e seguisse todos os passos.
Enviar um comentário