Durante o jantar o R levantou a mão e perguntou se podia contar uma coisa. (estávamos com outras pessoas, daí a cerimónia)
- Os pais do F. já não são namorados!
- Ahh... ai sim?...
- Sim, o F. disse que os pais já não namoram!
No meio do silêncio desconfortável de quem procurava a melhor frase para dizer, dissemos-lhe que às vezes acontece os pais deixarem de ser namorados, mas nunca deixarão de ser pais e mães dos filhos.
Uns dias depois voltou à carga, primeiro com o pai e depois comigo, talvez para ver se as respostas coincidiam. Desta vez foi mais longe, projectou-se na situação e perguntou:
- Vocês vão ser sempre namorados?
(...)
O amor é uma planta que tem que ser regada todos os dias, mimada e acarinhada, e enquanto duas pessoas quiserem fazê-lo, estiverem dispostas a esse investimento, o amor dura, e essas duas pessoas continuam (e)namoradas. O pai disse-lhe que para manter uma namorada tem que se fazer coisas boas e bonitas, um pouco todos os dias, para manter o amor dela ali perto.
...
Começam agora as perguntas mais difíceis, as questões da vida, sobre aqueles que nos rodeiam e sobre a nossa, o que cada vez mais nos obriga a um exercício, a uma pergunta interior constante:
Que mensagem quero eu passar aos meus filhos?
Eu procuro passar uma mensagem positiva e de esperança, mas sem ser demasiado ilusória.
Podia ter-lhe dito que o amor, às vezes, pode ser bem lixado, que quando a cabeça não obedece ao coração, ou vice-versa, quando damos conta está tudo estragado. Podia dar-lhe exemplos, muitos, de amigos e familiares, que disseram um sim para sempre e que o sempre se esfumou, em alguns casos, em menos de nada. Mas, seria amor?!
(Não quis complicar, são só 5 anos, e nesta idade todas as princesas arranjam o seu príncipe e vivem o seu conto de fadas.)
Passou-me pela cabeça dizer-lhe que não, o pai e eu nunca nos vamos separar, vamos ser namorados até velhinhos, tal como desejamos, mas a verdade é que não posso garantir nada, para além do nosso empenho diário na relação e que está à vista. Não posso garantir nada, senão dar-lhe o exemplo de como pode ele, um dia, regar a sua planta do amor sem a deixar morrer.
Podia ter-lhe dito que o amor, às vezes, pode ser bem lixado, que quando a cabeça não obedece ao coração, ou vice-versa, quando damos conta está tudo estragado. Podia dar-lhe exemplos, muitos, de amigos e familiares, que disseram um sim para sempre e que o sempre se esfumou, em alguns casos, em menos de nada. Mas, seria amor?!
(Não quis complicar, são só 5 anos, e nesta idade todas as princesas arranjam o seu príncipe e vivem o seu conto de fadas.)
Passou-me pela cabeça dizer-lhe que não, o pai e eu nunca nos vamos separar, vamos ser namorados até velhinhos, tal como desejamos, mas a verdade é que não posso garantir nada, para além do nosso empenho diário na relação e que está à vista. Não posso garantir nada, senão dar-lhe o exemplo de como pode ele, um dia, regar a sua planta do amor sem a deixar morrer.
Sofia**
5 comentários:
Tenho uma amiga que contou ontem aos filhos que se ía divorciar. Fiquei destroçada a imaginar naquelas crianças.
Também tive que contar aos meus filhos que o pai e a mãe iam deixar de ser namorados. Rota por dentro, vazia, oca...Fi-lo com o pai deles, explicando que nunca deixaríamos de os amar mais do que tudo na nossa vida, explicando que continuávamos a ser amigos...mas preferia que não tivesse sido esta a minha história e a dos meus filhos. Acabou o sentimento, porque se calhar nunca existiu verdadeiramente. O amor verdadeiro, esse nunca acaba! Que o vosso seja de facto assim, verdadeiro e indestrutível. Que saibam cuidar-se e respeitar-se e que sejam uma família muito feliz, pois esse é o exemplo mais bonito que se pode dar a um filho!A minha não resultou, mas sou uma acérrima defensora da família! Sejam felizes!:-)
Maria do Mundo,
espero que não tenha sido uma surpresa total... as crianças vão-se apercebendo, mas deve ser muito difícil!
bjs
Maria XL,
Não imagino a dor que deve ser passar por esta situação.
Muita força, e desejo que encontres em breve um novo amor!!
Um abraço apertado :)
Também acho que deva ser essa a atitude perante as questões que eles nos colocam: respostas verdadeiras e sinceras, sem floreados, sem tragédias, de modo simples, de forma a que compreendam o que lhes é dito.
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