maio 18, 2017

ele.





ele liga-me sempre, todos os dias, depois de deixar o mais velho. conta-me como foi, se ficou bem, se ouviram a campainha, ou se chegaram e foi vê-lo correr para a sala. 
ele liga-me sempre, todos os dias, alguns minutos depois de nos termos despedido. deseja-me bom dia, diz que me ama, conta-me o que vê ou o que se lembra. ele ligou-me hoje para me contar como está bonita e vistosa a árvore roxa do Aboim, que graça dá àquela rua, àquela casa, cheia de meninos, cheia de sonhos. ele ligou-me porque viu algo bonito e lembrou-se de mim.
ele.
nós.
























livros - vamos falar de emoções?

às vezes aproveito algumas promoções para investir nos livros. foi o caso destes que comprei na altura da black friday na Bertrand, no ano passado, para lhes oferecer no Natal. em cada um escrevi uma dedicatória, alusiva ao tema do respectivo livro. escrevi na última página, não lhes mostrei. vou esperar que um dia, quando já souberem ler, a descubram e se surpreendam!


já lemos todos e eles gostaram bastante. 
o primeiro, A coisa que mais dói no mundo, fala da mentira e de como pode prejudicar os outros e a nós próprios. a história é engraçada (para os miúdos, principalmente), fá-los rir e entender a mensagem.
o Monstro das Cores é interessante sobretudo para a idade do Duarte (4) mas adapta-se perfeitamente aos mais velhos. para ele não foi novidade porque falou deste livro na escola. ajuda-os a identificar os sentimentos através das cores: a tristeza, a alegria, a raiva, o medo e a calma. e o mais giro é vê-lo a aplicar as cores às situações ("Mãe, estou vermelho, tenho raiva!, Estou azul (feliz) mãe!") - não há como resistir.
Adivinha quanto gosto de ti ofereci directamente ao Rodrigo. desde pequenino que lhe digo que gosto dele tanto assim, e quando chegou ao fim da história até lhe vieram as lágrimas aos olhos. parece simples mas transmite tanto. e as ilustrações são lindíssimas.
Zé zangado faz parte de uma colecção de três livros (se não me engano) que falam das emoções para meninos mais crescidos, em idade de leitura. identifica, neste caso, a zanga e como lidar com ela e dá também dicas aos pais para ajudar os filhos nesta coisa complicada que pode ser o sentir e não saber expressar. desta colecção, escrita por psicólogas, faz parte também a felicidade e o medo.


cá em casa falamos bastante (mas naturalmente) sobre as emoções e sentimentos e vejo com agrado que eles já conseguem transmiti-las verbalmente. por exemplo, às vezes, numa birra, depois de chorarem um bocado, pedem colo e mimo, ou então vêm pedir desculpa pela maneira como se portaram. noutras alturas, dizem obrigado ou relatam como estão felizes com determinada surpresa.
isto pressupõe que interiorizaram a situação, identificaram a forma como se estão a sentir e agem em conformidade. numa situação frustrante, choram e pedem mimo para se acalmarem. se se sentem felizes, reconhecem e agradecem o que os fez ficar assim.



estes são alguns dos livros que considero interessantes para de uma maneira divertida e com bonitas ilustrações falarmos de sentimentos com os nossos pequenos. independentemente das idades, é bom começar a construir uma inteligência emocional que lhes permita lidar da melhor forma com as mais diversas situações nas diferentes fases das suas vidas.




espero que tenham gostado. adorava saber se têm mais sugestões.







Sofia**





P.S.: esqueci-me de mencionar o Divertida-mente (o livro e o filme) outro bom exemplo!










maio 15, 2017

13.05.2017

meus amores,

provavelmente, vocês não se vão lembrar deste dia daqui a uns anos, quando forem mais velhos e começarem a perceber que há datas importantes e que devem ser recordadas. e por isso vou escrever-vos:

a 13 de Maio de 2017, Rodrigo tu estás prestes a fazer 7 anos e tu Duarte já tens 4 anos completos. neste dia, Portugal esteve num reboliço tal foram os acontecimentos memoráveis que marcam esta data. 
vocês não são batizados, nem sei se algum dia farão essa opção, mas mesmo assim, saibam que Fátima e a sua história marcam a história do vosso país, e neste dia aquele "senhor vestido de branco", o Papa Francisco, figura que devolveu a fé e o crédito na Igreja a muitos católicos, celebrou o 13 de Maio em Portugal, canonizou os pastorinhos e juntou milhares de crentes e não crentes na cidade onde um dia, contam, apareceu a Nossa Senhora. independentemente da vossa crença ou não neste acontecimento, é inegável o sentimento e a fé que se gera neste dia em particular, naquele Santuário, e no simbolismo que compõe esta história.

depois, ao final do dia, houve uma espécie de final de campeonato de futebol antecipada, em que o clube que orgulhosamente apoiam junto do vosso pai, ganhou pelo quarto ano consecutivo. vocês não se vão lembrar, mas estavam todos vestidos de vermelho e houve muita emoção ao assistir ao jogo, apesar dos muitos golos marcados pelo Benfica. e depois o Marquês, aquela praça enorme e linda em Lisboa que juntou milhares de pessoas, adeptos do clube encarnado, muitos talvez chegados de Fátima, todos a comemorar mais um título do clube que os emociona, que os move, que lhes transmite algo e os faz acreditar.

mas entretanto, em Kiev, Portugal participava no Eurofestival da Canção, e pela primeira vez era um dos grandes favoritos. a expectativa era grande mas acho que pouca gente acreditava que pudéssemos ganhar. sabem, faz um bocado parte de nós portugueses, não acreditar. o País talvez seja pequeno em tamanho mas enorme em qualidade. os países são o que as suas pessoas fizerem dele. e a prova é os grandes nomes que dão cartas pelo mundo inteiro no desporto, na literatura, na moda, na representação, na música... é preciso ter orgulho no que somos, no que fazemos.
e por falar em música, quero que conheçam o Salvador Sobral. sim, aquele "menino despenteado". um rapaz que seguiu os seus sonhos, trabalhou para os conquistar, não se deixou influenciar e construiu a sua identidade musical. por sorte, tem uma irmã também muito talentosa, a Luísa Sobral, que escreveu um poema lindo para uma música maravilhosa e achou por bem ser o irmão a interpretá-la. e não se enganou. 
e a 13 de Maio de 2017, depois de emocionados com a visita do Papa, a vibrar com a vitória do Benfica, fez-se silêncio no Marquês para ouvir o Salvador e rejubilar de alegria por ele trazer para Portugal o título único de vencedor do Eurofestival, com uma canção linda e cantada em português. pouca gente percebeu a letra da canção, porque pouca gente no mundo inteiro percebe português. mas a música é tão bonita e foi cantada com tanto sentimento e sensibilidade que o mundo inteiro rendeu-se.

foi um dia cheio de emoções. um dia importante para o nosso País, para todos nós, porque nos fez acreditar, valorizar, porque nos fez sentir e sonhar. e já dizia o poeta "o sonho comanda a vida!".
e o amor também, diria eu.




Amar pelos dois






























filhos meus:
acreditem sempre que os vossos sonhos são possíveis e nunca deixem que vos digam que não. façam tudo com muito amor, orgulho e dedicação e vão conseguir alcançar as estrelas!






com carinho,
mãe












maio 11, 2017

Quando lês um livro...

... e gostas mas admites que houve uma parte um pouco mais chata. quando depois vês o filme e percebes que a parte mais chata do filme é a que achaste igualmente chata no livro, e concluis que entre comer orar e amar escolhes, sem dúvidas...



... comer e amar!



o que é que isso diz sobre ti?! ;) :)














"porque a determinada altura temos que perguntar porquê."

porque é que o horário escolar é superior ao horário dos funcionários da função pública?

porque é que há cada vez mais crianças diagnosticadas com deficit de atenção ou hiperactividade?

porque é que as crianças trazem tantos trabalhos de casa? para que servem?

porque é que as escolas têm vindo a reduzir o tempo de intervalo (aka brincadeira) e a aumentar o tempo efectivo de aulas?

porque é que os programas são cada vez mais extensos?

porque é que existem cada vez mais crianças e jovens a queixar-se do sistema escolar, das matérias, dos professores...?

porquê...?



na última reunião na escola do Rodrigo, que recordo está a frequentar o 1º ano (1ª classe), a professora referiu que os miúdos andam cansados, que o programa é muito exigente e que está constantemente a mudar. disse ainda que a última turma que teve do 1º ano, há quatro anos atrás, tinha que aprender ao longo do ano lectivo até ao número 20, e que actualmente, o programa exige que aprendam até ao número 100 e que façam algoritmos e pequenos textos da sua autoria! 

e eu perguntei porquê? quem é que elabora os programas escolares? quem é que define o que é importante as nossas crianças aprenderem? quem está no comando tem noção prática do que se passa no terreno? no que é que se baseia o conteúdo programático?

o que recebi de volta foi um encolher de ombros. quase que senti, por parte da professora, um certo receio em falar não fosse ela dizer tudo o que devia (e não devia, talvez). e todos os outros 24 pais presentes na sala se mantiveram em silêncio. ninguém perguntou porquê, ninguém se juntou à minha indignação, todos se mantiveram calados, conformados. 

o mesmo já acontecia no infantário quando nas reuniões as educadoras se queixavam que não tinham tempo para fazer "coisas giras" com as nossas crianças, e que achavam um absurdo terem que seguir regras e um programa idêntico ao do ensino básico porque o Ministério da Educação assim o exigia. e também aqui ninguém perguntava porquê. (ou melhor, perguntava, eu!) havia um encolher de ombros e conformismo generalizado como se fosse tudo normal! o importante mesmo era discutir a qualidade ou a cor das t-shirts, o valor da prenda da festa de Natal ou as mil exigências para a festa de finalistas...

eu não acho normal! e hei-de perguntar porquê sempre que alguma coisa no que diz respeito à educação/formação dos meus filhos não me pareça adequada! 

eu não me importo que eles brinquem à chuva, que subam às árvores, que venham com os joelhos esfolados. eu não quero recreios forrados a borracha, quadros interactivos, tablets individuais, nem aulas de mandarim ou japonês.
eu quero um ensino apelativo e adequado, que fomente a curiosidade deles e que permita o florescer da sua criatividade.
quero que eles tenham tempo para brincar, para jogar, para estar em grupo, dentro ou fora da sala de aula e que tenham tempo para cultivar valores como solidariedade, amizade, cooperação.
quero uma escola com casas de banho em condições, com um pavilhão desportivo onde não chova, com uma ementa alimentar nutritiva que não os faça passar fome ou encherem-se de bolachas logo a seguir ao almoço. (mas também aqui pareço ser a única a preocupar-me...)
eu quero que a escola, o ensino, seja um lugar para onde os meus filhos vão felizes e entusiasmados, mas isso não acontece. e como ainda só estamos no 1º ano sinceramente tenho medo do que aí vem, mas esperança que muito em breve ocorram mudanças.
porque temos que ser muitos a perguntar PORQUÊ?! ou não?!






desculpem o looongo texto, mas este é um tema que me interessa, que me preocupa e que julgo interessa a muita gente... ou estou errada.


deixo-vos este link com uma entrevista ao Prof. Eduardo Sá que achei muito interessante.





e, por favor, não se conformem!


Sofia**