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Estou há dois meses com eles, todos os dias, todas as horas do dia e da noite. Eu e eles, ás vezes com a ajuda do pai, nas férias (uma semana) em total comunhão com o pai. Fiquei com eles porque senti essa necessidade, de os ter perto de mim o tempo todo, de os ver crescer enrolados nas minhas pernas, de os mimar a cada minuto. Talvez pressentisse que tempos de mudança de avizinhavam, talvez ansiasse essa mudança e quisesse embrulhar-me neles a 100%. Foi muito bom, foi maravilhoso mesmo nos dias difíceis de birras e cansaço, de vontades contrariadas ou respostas mais rebeldes. Foi muito bom! E eles cresceram imenso, diante dos meus olhos, em apenas dois meses!
O Rodrigo está mais alto, com um novo look que há tanto reivindicava (cortámos os caracóis!) e sem um dente que lhe caiu na praia e que guardou cuidadosamente debaixo da almofada à espera da fada dos dentes - que lhe deixou uma moeda de ouro (1 euro). Anda vaidoso com o facto de ser finalista, sentir-se mais velho, mais responsável, embora seja na maior parte do tempo um miúdo reguila com apenas cinco anos.
O Duarte também cresceu muito, mas continua o meu bebé. É tão mais bebé do que o mano quando tinha a mesma idade! Anda hesitante em deixar a fralda - tira-a em qualquer lado se se sentir incomodado - mas já vai pedindo a sanita, adora a sua chucha que tentamos que seja só para dormir, e gosta muito de fazer a sua sesta na nossa cama. Já fala mais mas ainda muito espanholado, percebe tudo e tem umas expressões marotas irresistíveis.
Passaram dois meses e amanhã começa uma nova vida, que me deixa feliz mas ansiosa, numa mistura de emoções que me deixam de lágrima fácil. Passei muito tempo dedicada a eles, quase a tempo inteiro, por força das circunstâncias e também por vontade própria. Chegou o dia de cortarmos com esta rotina, que é fácil de gostar, e adquirirmos outra que espero que só nos traga coisas boas, para todos. Amanhã é dia de voltarem à escola, depois de tanto tempo em casa. No meio da euforia do mais velho (é a pré, já não vai dormir, anda doido com isso!) e da negação do mais novo, há um coração de mãe que chora e que espera secar as lágrimas todas até amanhã de manhã, quando os deixar com um sorriso de confiança no colo de quem cuida bem deles, e com a certeza que estes braços vão aconchegá-los ao final do dia, quando regressarmos todos ao nosso porto seguro.
Amanhã é um novo dia...
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