Não sei porquê mas fazem-me muitas vezes esta pergunta: e o terceiro/a? Queres ter outro filho/a?
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Quando decidi ser mãe, decidi também que não queria só um, dois era a conta certa. Depois engravidei, adorei ver a barriga crescer, sentir o meu bebé mexer pela primeira vez, e a barriga a crescer ainda mais, e o meu bebé a ficar cada vez mais apertadinho lá dentro. Durante oito meses (porque nasceu antes do tempo) tratei-o por bebé, apesar do seu nome há muito estar escolhido. Aí vi-o pela primeira vez, toquei-lhe a medo, chorei, mas só me senti mãe dele, com todas as forças e emoções e risos e choros, ao fim de dois dias de o ter perto de mim, no meu peito. E desde aí não mais o larguei, o meu filho.
Era certo que queria engravidar outra vez, e não queria que eles tivessem uma grande diferença de idades, e, talvez por isso, fiquei num estado ultra maternal (?) durante dois anos, altura em que engravidei outra vez! Os primeiros sintomas, a barriga a crescer, a atenção dividida, um cansaço maior, muito maior, mas ainda assim, uma gravidez que me traz boas memórias. A preparação da chegada do filho pequeno foi mais tranquila, melhor organizada, com a calma da experiência e com a ansiedade de mãe. Quando ele nasceu, o amor materno já lá estava e despertou de imediato, senti-o meu, toquei-lhe sem medos e sem rodeios, num amor infinito e multiplicado por dois.
"E o terceiro/a, agora vão ao terceiro/a??" De imediato, pensava que não! Os sonos trocados, fraldas sujas a toda a hora, o peito XXL super dorido, todos os sentimentos e emoções para gerir, e EU, eu mulher onde ficava??
Os meses passaram, as rotinas tornaram-se mais calmas (as noites, as fraldas, os sentimentos), reformulámos a nossa dinâmica familiar, (re)conhece-mo-nos a três e passámos a quatro. Hoje somos uma família de quatro, e não nos imaginamos de outra forma. Hoje somos uma família de quatro, estamos felizes, muito, mas por vezes imaginamos como seria se fossemos cinco...
O R. está um rapazinho, já faz quatro (!!), o D. caminha a passos largos para o 1º aniversário, ainda com as suas feições de bebé, mas com muitas habilidades que lhe vão dando um ar menino.
EU, eu mãe, estou naquela fase de apreciar o crescimento deles, pensar em todas as actividades que podemos retomar (andar de bicicleta, ir à piscina, fazer pic-nics, viagens...), cheirá-los, abraçá-los e sentir saudades de quando cabiam na palma da mão (do pai) - risos.
EU, eu mulher, sinto que agora chegou a hora de pensar em mim, de retomar projectos, avançar com projectos, de namorar mais, voltar ao salto alto e de ter tempo para a minha pessoa.
"Mas, e o terceiro/a??". O terceiro/a está no nosso imaginário, nas nossas conversas, nos nossos planos. Não é uma certeza, é uma hipótese, um desejo. O desejo de passar por todo o processo, ver a família crescer, reorganizarmos o nosso amor, os nossos laços. O terceiro/a virá quando e se nós quisermos, se a economia deixar, se o corpo apelar. Por agora, vamos aproveitar esta fase, não descartando a possibilidade de um dia ter uma fotografia minha assim...