... relembro o dia em que nasceste ainda sem perceber como é que já passou tanto tempo, as dúvidas que me levaram ao hospital, os minutos do CTG enquanto trocava sms's com o pai para que fosse almoçar, e enquanto ele me dizia que dali não saia por nada. Relembro o enfermeiro, a médica, a querida da G. que não nos perdeu de vista e garantiu que estávamos confortáveis. A sala de partos, a música que levei para me ajudar a viajar por minutos, a mesma que me fez chorar nos poucos momentos que estive só e em que fui interrompida pelo amor da minha vida... expliquei-lhe que não era tristeza, era emoção... Começaram as dores, os sinais inequívocos que querias conhecer-nos, ver o mundo, abraçar a vida. Dei a mão ao meu pilar, esqueci a música, calei-me, como faço sempre que estou num momento importante e tenso: calo-me e vivo o momento. Não passou muito tempo, uma hora, duas talvez, quando houve os primeiros sinais que algo não estaria bem. O teu coraçãozinho não se ouvia bem, estava lento, preguiçoso... o meu quase parava... avançou-se para o plano B. Sou recebida pela enfermeira Célia, a mesma querida que me recebeu num momento semelhante em 2010 - tão querida que é reconhecível até de máscara - sorriu-me e fez-me um carinho.
Às 17h35m ouvi o teu choro, forte, descansaram-me e disseram que estava tudo bem. Não chorei, fiquei feliz, mas não chorei como na primeira vez. Estranho!? Pouco tempo depois já estávamos os três reunidos, a conhecer-nos, a trocar palavras só nossas, e a guardar memórias que ficarão para sempre. Só faltava um elemento para estar tudo perfeito.
Relembro agora que só ao fim de uma semana, já no nosso ninho e apenas os dois num momento singular que se repete ao longo do dia, finalmente chorei. Chorei porque me dei conta que te tinha nos braços, meu querido segundo filho, mais um amor para toda a vida, mais uma pequena grande parte de mim que vou amar intensamente, como só quem é mãe pode amar. Vou-te amar por toda a minha vida...
Aos 17 dias de vida, revelo que tens o cabelo liso e escuro, lábios carnudos e bochechinhas apetitosas, tal como imaginei. Acalmas sob o meu peito ao som da mesma canção de embalar que ainda hoje canto para o mano, as cólicas diminuem quando o pai te faz o "macaquinho", sossegas ao colo do teu irmão, e já nos olhas como se te quisesses identificar com estes seres que te rodeiam e que te amam. Aos 17 dias de vida ainda nos vamos conhecendo, ainda está tudo tão fresco, delicio-me com o teu cheiro acabadinho de sair do banho, oiço os teus gemidos e descodifico-os para atender as tuas chamadas. Aos 17 dias de vida amo-te, pura e simplesmente, Little D.!